Questionámos a agência de viagens, Top Atlântico, sobre se foi sua iniciativa contactar a administração da TAP e pedir a alteração de um voo regular para o ajustar à agenda presidencial ou se existiu algum pedido prévio em nome da presidência da República. A agência recusou responder e afirma mesmo que se irá remeter ao silêncio sobre o tema.
Na sequência da notícia divulgada na semana passada, questionámos diretamente a própria responsável da agência que enviou o email dirigido à assistente pessoal da Chairman da TAP, em que solicitou a antecipação de um voo da companhia para se ajustar à agenda do presidente. Nazaré Soares recusou prestar qualquer declaração e remeteu-nos para a administração.
Entrámos depois em contacto telefónico com uma responsável de comunicação da agência de viagens. Perguntámos se a iniciativa de contactar a administração da TAP (para alterar um voo com mais de 200 passageiros) partiu da própria agência ou se essa iniciativa foi de alguém ligado à presidência da República. Perguntámos igualmente se a agência de viagens teria autoridade para fazer um pedido dessa dimensão sem o aval da Presidência da República (mesmo que indiretamente, por um qualquer intermediário).
É que, para além dos óbvios transtornos para os passageiros, a antecipação do voo deveria resultar em avultados pedidos de indemnização à TAP.
A responsável recusou responder a essas questões e, antes que pudéssemos colocar mais perguntas, disse-nos que a agência de viagens se iria remeter ao silêncio e que não iria responder a qualquer questão sobre esse tema.
Consideramos que não é legítimo a ocultação da verdade sobre este caso. Devem ser apurados os factos e os responsáveis máximos deste pedido de alteração de um voo comercial com mais de duas centenas de passageiros. Sejam eles quem forem.
Apesar dos desmentidos da Presidência da República de que não foram eles a solicitar a alteração de voo, alguém o fez pelo Presidente. É importante saber quem.
Ainda mais porque, pelo que veio a público, o caso não é inédito e uma alteração semelhante esteve mesmo para se concretizar numa ocasião anterior. Segundo os emails que se tornaram públicos, a CEO da TAP foi mesmo informada (ou relembrada) que a companhia apenas não concretizou uma alteração semelhante “porque coincidiu com o surto da Omicron”.
Por esses motivos, continuaremos a tentar obter essa informação.