A notícia da candidatura à nomeação democrata para a Casa Branca de Robert Kennedy Jr. dada por muitos órgãos de comunicação incluiu uma série de insultos contra o candidato. Entre eles, encontram-se, por exemplo, a Forbes, a CNN, a Bloomberg ou o The Guardian. Esta abordagem jornalística é ainda mais questionável quando muitos deles (se não todos) têm fortes conflitos de interesse relacionados com os temas em que o candidato é criticado.
Robert Kennedy Jr., é filho de Robert Kennedy e sobrinho de John F. Kennedy, ambos assassinados na década de 60. Notabilizou-se como advogado e ativista ambiental. Há vários anos que tem sido crítico de aspetos ligados com a vacinação pediátrica e, mais recentemente, com a vacinação anti covid e outras medidas implementadas para o combate à pandemia.
Após um pedido inicial de ajuda para saber se tinha apoios suficientes, decidiu candidatar-se pelo Partido Democrático (o mesmo de Joe Biden, atual presidente).
Já antes, tinha definido que, caso avançasse, teria como principal prioridade “acabar com a fusão corrupta entre os poderes estatal e corporativo”.
Ataques da imprensa
O anúncio da candidatura foi acompanhado por um quase inédito ataque pessoal. Os grandes grupos de comunicação social como a Forbes, a CNN, a Bloomberg, o Insider, a ABC, a Sky News, a própria Associated Press ou o The Guardian, catalogaram-no, na própria notícia, como anti vacinas e vários acusaram-no mesmo de ser conspiracionista.
Além destes ataques pessoais, Robert Kennedy acusa vários órgãos de comunicação social de inventarem notícias a seu respeito, nomeadamente de tentarem associar a sua campanha a Steve Bannon (ex-estratega de Trump e do polo político oposto).
Afirma mesmo que:
“O Jornalismo devia ser sobre “investigar e reportar” e não “inventar e reportar”.”
Posição sobre vacinas
É verdade que Robert Kennedy Jr. tem afirmado, desde há muito tempo, existir evidência de vários efeitos negativos causados por certas vacinas pediátricas. No entanto, ele recusa ser classificado como anti vacinas.
Nesta entrevista, dada no início de 2020, explica como se interessou pelo tema e qual a sua posição. Começa por dizer que:
“Acredito que se devem ter vacinas seguras. Acredito que se deve ter ciência robusta. Acredito que devemos ter reguladores independentes, que não estão financeiramente ligados com as companhias que fazem as vacinas”.
Conflitos de interesse da comunicação social
Perante esta realidade, é inevitável colocar algumas questões. Deverão os media catalogar, criticar ou mesmo insultar quem contraria a sua linha editorial? Até mesmo um candidato a presidente dos Estados Unidos da América? É isso sequer jornalismo?
O caso é ainda mais grave porque a maioria (se não todos) destes media está envolvida em inúmeros conflitos de interesse na área da saúde e tem as suas posições totalmente alinhadas com alguns dos seus financiadores.
Peguemos apenas no caso da Fundação Bill e Melinda Gates, uma fundação supostamente de caridade, mas que financia grandes grupos de media, muitas vezes com o objetivo explicito de “Consciencialização e Análise da Saúde Pública e Desenvolvimento Global” ao mesmo tempo que o seu responsável (Bill Gates) tem inúmeros interesses financeiros nessa área.
