O governo irlandês prepara-se para obrigar as Diageos (fabricante de bebidas) deste mundo a colocar notas com os malefícios do consumo de álcool e imagens a condizer (fígados desfigurados, etc.) nos rótulos das respetivas garrafas, latas e afins.
Não perceberam, pois não? Imagino que sois maiores de idade para se lembrarem dos maços de tabaco antes dos alertas para as consequências de fumar cigarros. Ora, o mesmo vai ser introduzido na Irlanda nas bebidas.
Porventura, alguns de vós estais de acordo. Tudo bem, neste espaço ainda se acolhe de bom grado o debate e não se cancela ninguém em nome da discórdia.
Fiquem, no entanto, informados que se trata do mesmo governo que, há um par de meses, anunciou a intenção de estender o horário de abertura dos pubs e das discotecas.
Certamente, estes tipos estão com os copos. Ou beber em casa a mesma cerveja que se bebe nos espaços sociais é mais perigoso para a saúde do cidadão?
O governo irlandês, composto por uma coligação pós-eleitoral entre o Fianna Fáil, Fine Gael e os Verdes para derrotar o Sinn Féin, é tão mas tão ruim que até dá vontade de votar nos vencedores travados na secretaria. Pensar duas vezes em votar no Sinn Féin com o único fito de evitar o atual governo é, acreditem, a pior coisa que se pode dizer de um partido neste país.
Trata-se de um governo centralista. Despojado de outra ideologia senão o objetivo cego de se sentar na cadeira do poder e pôr em prática as diretrizes dos donos do mundo. No atual contexto, um mundo aparentemente com menos álcool, na mesma guerra aberta contra o glúten, o açúcar e a tudo o que possa pôr sabor e pimenta à sensaboria do dia-a-dia.
Vamos tentar outra vez compreender as contradições do governo irlandês? Let me get this straight, or shall I say sober?
Vitor Vicente
Escritor