Uma revisão analisou a qualidade de estudos sobre máscaras utilizada pela agência de saúde norte-americana CDC. Entre as muitas falhas apontadas, verificou que, apesar de existirem inúmeros estudos e revisões de alto nível de evidência, antes e durante a crise covid, a agência excluiu, a partir de 2019, todos os estudos com grupo de controlo das suas análises. Apesar das muitas críticas a que tem sido sujeito, o CDC continua a ser uma fonte preferencial de agências de saúde, como a DGS, dos grandes média e de fact-checkers.
Um grupo de investigadores decidiu analisar a metodologia e as conclusões dos estudos sobre máscaras que o CDC utilizou para suportar as suas recomendações. Esses estudos foram produzidos pela revista da própria agência – Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR).
Foram identificados 77 estudos publicados sobre o tema após 2019.
Principais resultados
Entre os resultados apurados, de destacar que:
- 1 – O CDC não recorreu a nenhum estudo controlado e randomizado (RTC), que representam o topo da evidência científica e que são os únicos capazes de estabelecerem relações de causalidade (e não apenas correlações).
- 2 – O desenho de estudo mais comum foi observacional (28,6%).
- 3 – Apenas 29,9% avaliaram a eficácia da máscara.
- 4 – Apesar de apenas 14,3% dos estudos terem sido estatisticamente significativos, 75,3% afirmaram que as máscaras eram eficazes. Desses 70,7% utilizaram linguagem causal.
- 5 – Apenas um estudo referiu provas contraditórias.
Conclusões
Os autores concluíram que o CDC utilizou a revista para promover as máscaras apesar dos “dados não fiáveis” e “não apoiados”.
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Deste modo, manifestaram preocupações quanto à fiabilidade da revista do CDC para fornecer informações de saúde.
Influência do CDC
Nos últimos anos, o CDC tem sido alvo de muitas críticas, como a de ter conflitos de interesse com a indústria, de ocultar informações e de propagar informações enganosas, ou mesmo falsas.
Não obstante, a agência continua a ser uma fonte considerada fiável e justificou muitas das políticas seguidas durante a crise covid, como das máscaras, dos confinamentos ou da vacinação covid pediátrica.
As agências de saúde, nomeadamente, a agência europeia de saúde, ECDC, ou a nossa DGS, citaram inúmeros estudos do CDC para suportar as suas orientações.
Também a comunicação social e fact checkers de todo o mundo usaram, e continuam a usar o CDC como fonte preferencial e referência de fiabilidade.
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