Quando me propus escrever sobre este tema não imaginava que iria deparar-me com um verdadeiro iceberg: uma estrutura com a parte superior bem visível, clara e atraente e uma parte submersa, perigosa e desconhecida.
Comecemos pela parte superior do iceberg, aquela que é oficialmente citada e que domina nos motores de busca: “A agricultura regenerativa é um sistema de cultivo que procura conservar e restaurar os campos e o seu ecossistema. Visa manter, sustentar, melhorar e restaurar. A agricultura regenerativa é o ponto central para alcançar a neutralidade carbónica e também abre novos fluxos de receitas verdes para os agricultores, recompensando-os pela captura e armazenamento de carbono no solo”, diz o site de uma grande corporação agroalimentar mundial. Esta nova agricultura inclui conceitos como: perturbação mínima do solo, coleta de dados por meio de sensores, créditos de carbono, redução das emissões de óxido de nitrogénio e amoníaco.
Todas estas palavras bonitas e inócuas são regularmente repetidas nos meios de informação mundiais, nomeadamente nos europeus. São realizados congressos, fóruns e workshops para disseminar estas ideias, embora nem todos os agricultores fiquem com uma noção muito clara sobre elas.
A agricultura sustentável tem sido um dos principais temas do Fórum Económico Mundial (FEM) desde 2009. O FEM criou uma teia de mais de 250 organizações e “partes interessadas” relevantes. Fez parcerias com o G8 e o G20, bem como em 14 países da África, Ásia e América Latina. Na UE, a transformação dos sistemas alimentares está a ser realizada há vários anos. O plano dos eurocratas propõe uma “transição justa” para um sistema alimentar sustentável, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que por sua vez exigem uma revisão maciça dos sistemas alimentares mundiais até 2030.
Passemos agora à parte perigosa do iceberg
De acordo com o The Epoch Times, altos funcionários do Partido Comunista Chinês ajudaram a criar os ODS no sistema da ONU e estão atualmente a ajudar a liderar a implementação do plano global. A Organização da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), é chefiada pelo ex-vice-ministro da Agricultura da China, Qu Dongyu.
Nos últimos anos, o Fórum Económico Mundial e políticos por ele patrocinados têm desenvolvido esforços concertados para restringir severamente a energia, os alimentos e os transportes, a fim de “salvar o planeta”.
A meta da ONU é “restaurar” 40% de todas as terras do planeta até 2030, incluindo a sua transição para a agricultura biológica.
Todos conhecem bem os exemplos dos Países Baixos (Holanda) e do Sri Lanka. Os Países Baixos, com uma área relativamente pequena, é o maior exportador de carne da Europa e o maior exportador agrícola do mundo, logo a seguir aos EUA. Em 2022, o governo holandês estabeleceu reduzir em 30% o número de cabeças de gado no país e baixar em 50%, até 2030, as emissões de azoto e amoníaco, alegadamente porque o estrume e fertilizantes artificiais usados emitem nitrogénio.
As revoltas dos agricultores não se fizeram esperar. Agora, cerca de 260 explorações agrícolas operam no país sem licença e enfrentarão multas se não comprarem uma quota de emissões de nitrogénio ou reduzirem o gado. Outros 2.500 agricultores estão parcialmente sem licença. O governo holandês defende planos para “substituir parte dos agricultores” e comprar as suas terras para outros fins.
A Irlanda tem metas rigorosas de redução de gado, apesar de produzir alguns dos melhores alimentos do mundo. O seu governo estabeleceu um plano: abater 20% dos rebanhos de carne e leite do país, ou 1,3 milhões de vacas, para atingir as “metas climáticas”.
A Comissão Europeia apoiou uma estratégia de compensar os criadores de gado “pela interrupção das suas operações” com a condição de eles nunca retomarem as atividades de criação de animais.
Como é conhecido, no Sri Lanka, a proibição do uso de fertilizantes além dos biológicos gerou uma queda abrupta da produção de arroz, preços altíssimos e revoltas em massa.
E agora?
A Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável foi adotada pela ONU em 2015. Coincidência ou não, a fome tem aumentado desde esse ano. Em 2015 eram 615 milhões, em 2019 eram 650 milhões, em 2020 já atingiam 768 milhões e em 2022 – 828 milhões.
Os preços dos fertilizantes aumentaram 199% desde maio de 2020 até dezembro de 2022.
Vistos como uma consequência da guerra na Ucrânia, na verdade os preços dos alimentos, combustíveis e fertilizantes já haviam atingido altos níveis antes da guerra.
Sejamos claros: os objetivos da agricultura regenerativa não são manter, sustentar, melhorar e restaurar os campos, mas DIMINUIR a produção de alimentos, seja vegetais, seja animais. A forma como se pretende levar os agricultores a adoptar este sistema criminoso é simples: comprando-os, dando-lhes dinheiro para deixarem as terras, reduzirem o gado, abandonarem a profissão. Ou fazendo tais exigências burocráticas (os tais créditos de carbono) que os levem eles próprios a desistir. Depois, passamos a alimentar-nos com carne produzida em laboratório e atum feito de plantas, tudo gerido pela Internet das Coisas. Sim, porque tudo, desde os alimentos às pessoas, precisa ser rastreado e controlado.
Se não fizermos nada, as políticas de sustentabilidade apoiadas pela ONU na área da agricultura levarão à devastação económica, escassez de alimentos essenciais, fome generalizada e até perda da propriedade privada da terra. Ao mesmo tempo que as populações em todo o mundo sofrem uma crise de custo de vida e declínio económico, o FEM, os bilionários e os políticos por trás da agricultura sustentável continuam sem prestar contas e a enganar aqueles cujas vidas estão a destruir.