Um estudo, que usou dados oficiais da Estónia, concluiu que a imunidade natural ofereceu uma proteção bastante superior à da vacinação, especialmente, durante a fase Delta. Apesar de muitos estudos apontarem nesse sentido, a própria OMS afirmou que “as vacinas ofereciam melhor proteção do que a infeção natural”.
Um relatório científico publicado na revista Nature usou dados sobre SARS-CoV-2, vacinação e hospitalização do sistema nacional de saúde da Estónia, de fevereiro de 2020 a junho de 2022. No total foram emparelhados 246.113 indivíduos, dentro de três grupos distintos.
O primeiro comparou pessoas com imunidade natural com as que receberam vacina; o segundo comparou os que tinham sido previamente infetados com pessoas que não tinham infeção ou vacinação documentada; e o terceiro comparou os previamente infetados com pessoas com imunidade híbrida (infeção e vacinação prévias).
Principais resultados
Infeção natural
Tal como na generalidade dos estudos comprovam, nas infeções respiratórias em geral e nesta em particular, a infeção natural oferece uma proteção muito robusta.
“Durante ambos os períodos, a imunidade natural provou ser altamente eficaz na proteção contra reinfecções que progridem para doença grave e foi associada a um risco significativamente menor de hospitalização por COVID do que a ausência de imunidade específica ao SARS-CoV-2.”
Infeção Natural versus vacinação
No período Delta, os indivíduos vacinados mantiveram um risco bastante mais elevado de hospitalização (7,2 vezes mais) do que aqueles com imunidade natural.
No período Omicron, a diferença de risco diminuiu (duas vezes mais para os vacinados), com taxas de infeções muito altas, mas com riscos de hospitalização por COVID-19 muito baixos em ambos os grupos.
Imunidade natural versus imunidade híbrida
Na comparação entre os que foram infetados previamente e os que tinham imunidade híbrida (vacina e infeção), o estudo revelou que as pessoas com imunidade híbrida estavam melhor protegidas contra a infeção durante a era Delta, mas corriam um risco ligeiramente superior durante o período Omicron.
Os autores concluem que:
“O nosso estudo mostrou que a imunidade natural oferece uma proteção mais forte e duradoura contra a infeção, os sintomas e a hospitalização, em comparação com a imunidade induzida pela vacina”.
Imunidade natural
Apesar do conhecimento histórico, sobre infeções respiratórias e sobre a covid especificamente. apontarem para a enorme relevância da imunidade natural, ela foi ignorada durante muito tempo por governantes, agências de saúde e inúmeros especialistas mediáticos durante a crise covid.
Essa desconsideração teve inúmeras consequências em questões como as medidas restritivas impostas quando a generalidade da população já tinha sido infetada, as orientações sobre a recomendação de vacinação ou a imposição de restrições aos não vacinados previamente infetados.
A OMS chegou a divulgar a ideia de que a imunidade das vacinas era superior à da infeção natural.
E, numa ação ainda mais insólita e anticientífica, a OMS excluiu temporariamente a infeção natural da definição de imunidade no seu site.
Depois da indignação que essa ação gerou, a OMS recuou e repôs a definição correta.
Referências:
Ver também:
Artigo Nature: infeção natural deve conferir imunidade a longo prazo – The Blind Spot
Porque se continua a ignorar a imunidade natural? – The Blind Spot