Numa recente entrevista, o presidente prometeu criminalizar quem divulgasse “mentiras” sobre a vacinação. No entanto, na própria entrevista, a sua ministra da Saúde proferiu afirmações falsas, que contrariam centenas de estudos, recomendações de agências de saúde ou a própria bula das vacinas Pfizer. De recordar que bebés (desde os nove meses) e crianças foram considerados um grupo prioritário de vacinação covid pelo governo, contrariando as próprias orientações da OMS e da generalidade dos países.
Num recente programa “Conversa com o Presidente”, o presidente Lula da Silva defendeu a criminalização das mentiras negacionistas.
O programa contou com a presença da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que entre outras coisas, afirmou:
“(…) médicos falam que a vacina pode causar mortes, no caso da vacina do covid, causar miocardites… graves. Tudo fake news, sem base científica, mas aparecendo como se fosse informação científica.”
Ora essas afirmações, proferidas por médicos, ao contrário do que a ministra afirma, não só não são falsas, como são comprovadamente verdadeiras.
Apesar das naturais diferenças, nomeadamente em termos de riscos de prevalência e de comparação com a infeção natural, a globalidade de estudos comprovam o risco aumentado de miocardites após a vacinação covid mRNA.
Esse risco é igualmente reconhecido pelas agências de saúde, mesmo as que de forma mais controversa (e também espalhando informações falsas) têm defendido afincadamente a vacinação covid, como o CDC norte-americano.
A bula das vacinas facultada pelo regulador brasileiro também reconhece esse risco.
“Casos muito raros de miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e pericardite (inflamação do revestimento exterior do coração) foram relatados após vacinação com Comirnaty®. Normalmente, os casos ocorreram com mais frequência em homens mais jovens e após a segunda dose da vacina e em até 14 dias após a vacinação.“
Tal como as autoridades de saúde de todo mundo, inclusive de Portugal, também a própria bula recomenda atenção a sintomas compatíveis com mio e pericardite e adverte para atendimento médico urgente.
“Após a vacinação, você deve estar alerta para sinais de miocardite e pericardite, como falta de ar, palpitações e dores no peito, e procurar atendimento médico imediato, caso ocorram.”
Fonte: Consultas – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (anvisa.gov.br)
Além disso, a morte súbita é um dos sintomas das miocardites, facto reconhecido pelo próprio ministério.
Declaração de Lula
Na mesma entrevista o presidente, Lula da Silva, afirmou ser “necessário criminalizar” quem “está a contar mentiras” em relação às vacinas.
No entanto, logo de seguida, ele próprio, profere uma afirmação claramente falsa.
“Porque depois que a criança pega a doença, aí não tem mais cura, aí é muito mais difícil (…)”
Independentemente de existir vacina ou de a sua toma ser uma decisão certa ou errada, a esmagadora maioria das doenças tem, felizmente, cura.
No caso da vacinação pediátrica covid, abordada na conversa, a afirmação é ainda mais surpreendente. Desde o aparecimento da covid que se sabe que o risco para crianças é muito diminuto e os estudos com maior rigor metodológica mostram que o risco de morte é residual a nulo (especialmente no caso de crianças saudáveis).
Vacinação no Brasil
De recordar que no Brasil a vacina contra a covid-19 passará a fazer parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI) já em janeiro de 2024 e que o Ministério da Saúde recomendou aos estados e municípios que deem prioridade a crianças de 6 meses a menores de 5 anos. Algo que contraria a própria OMS, que considera essas faixas etárias de “baixa prioridade” e de “impacto na saúde pública limitado”.
Além disso, Lula da Silva afirmou anteriormente que faria depender a atribuição de apoios sociais do atestado de vacinação de bebés (a partir de seis meses), crianças e adolescentes.
Ver também:
Brasil: Vacina covid será obrigatória para bebés de seis meses