Dados oficiais revelam que a proporção de casos de gripes graves (em UCI) bateu em muito o recorde histórico anterior. Apesar de, quer a DGS quer a comunicação social, terem passado a designar a gripe desta época como gripe A, esse é o tipo de gripe habitual. O relatório do INSA sugere que a maior gravidade dos casos resulta da menor imunidade da população provocada por medidas covid. A primeira semana do ano registou um número de mortes superior a qualquer semana de dezembro de 2023, um dos meses com maior mortalidade desde 2020.
Apesar de a DGS ter passado a designar a gripe desta época como gripe A, esse é o tipo de gripe mais usual em Portugal. Aliás, desde que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) apresenta dados sobre os tipos de gripe detetados, que apenas na época 2017/18 o tipo B foi ligeiramente mais prevalente. Curiosamente, pode-se ler no relatório que: “A taxa de letalidade foi estimada em 26%, valor semelhante ao das três épocas anteriores”.
Na maioria dos anos, o tipo A é bastante mais frequente, por exemplo, nas épocas de: 22/23 (95,8% dos casos), 18/19 (99,7%), 16/17 (99,6%) ou 15/16 (91,4%).
O subtipo mais detetado para a gripe nesta época 23/24 é o H1, seguido do H3. São os dois subtipos identificados habitualmente (muitos vírus do tipo A não são subtipados).
Alguns estudo têm sugerido que o subtipo H1 (tipo A) e o tipo B estão associados a doença mais severa do que o H3 (tipo A) em doentes hospitalizados, mas existem dúvidas sobre essa relação, nomeadamente devido à influência de outros fatores, como: a idade, a percentagem de hospitalizados de cada tipo/subtipo ou o estado vacinal.
Proporção recorde de casos de gripe em UCI
De acordo com o último relatório do INSA, “a proporção da gripe em UCI tem vindo a aumentar nas últimas 2 semanas, atingindo os 17,1% na semana 52 de 2023, valor acima dos registados em períodos homólogos”. A proporção máxima anteriormente observada foi de 13,5%, na época 2013- 2014, portanto muito abaixo da registada nesta época.
O INSA, citando o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), refere que o “contexto pós-pandémico, com a adoção de medidas de prevenção individual contra a COVID-19” “enquadram” este fenómeno
Sugerem mesmo que o aumento da proporção de casos de gripe em UCI pode refletir o impacto de medidas na baixa circulação de agentes patogénicos respiratórios e a redução da imunidade da população.
Mortalidade elevada em Portugal
Segundo dados oficiais (SICO), a mortalidade em dezembro de 2023 foi a quinta maior desde 2020 e a nona desde 2015.
No entanto, a tendência de crescimento continuou na primeira semana de janeiro com 3.378 mortes (dados provavelmente ainda não consolidados), superior a qualquer semana do mês anterior.