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Metas ambientais UE: Comissão retira proposta de corte de 30% nas emissões agrícolas

Num contexto de fortes protestos dos agricultores e de proximidade de inúmeros atos eleitorais na europa, a comissão europeia eliminou partes da proposta de redução de gases de efeito estufa até 2040, nomeadamente os relativos às principais contestações dos agricultores. No entanto, responsáveis da União Europeia não desistiram da intenção de impor medidas muito restritivas ao setor, nomeadamente um mandato legal de “neutralidade climática” até 2050. A presidente da comissão europeia já veio responsabilizar as alterações climáticas e a guerra pelos protestos.

Segundo apurou o jornal Politico, a comissão europeia retirou referências específicas ao setor agrícola da sua proposta de redução de gases de efeito estufa até 2040.

Apesar de continuar a afirmar que “todos os setores” precisam de contribuir, as referências (1)ao corte de 30% das emissões agrícolas, (2)ao esforço para o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis e (3)à recomendação de menor consumo de carne desapareceram do documento inicial.

Manifestações e calendários eleitorais

As alterações ao documento coincidem com um período de grandes protestos dos agricultores contra as políticas agrícolas europeias, que se alastraram a toda a europa e que chegaram inclusive o parlamento europeu.

A reformulação do plano, que ainda está em curso, e que dá uma perspetiva mais positiva do setor, está em linha com uma exigência feita pelo Partido Popular Europeu (PPE), o maior grupo do Parlamento Europeu, a que pertence a própria Ursula von der Leyen.

Estas mudanças de posicionamento levaram recentemente também ao chumbo pelo parlamento europeu de uma proposta da Comissão, que acabou por retirar a lei, que visava a redução de pesticidas por toda a União Europeia. Uma decisão que foi vista como a primeira grande derrota do “Pacto Verde”.

Fonte: Von der Leyen withdraws contentious pesticide law amid right-wing backlash and farmer protests

Alterações reais ou omissões convenientes?

Mas o contexto atual de protestos e as inúmeras eleições que se aproximam, inclusive para o parlamento europeu, levantam dúvidas sobre se essas alterações correspondem a uma vontade real de mudança ou se se tratam apenas de manobras táticas.

De acordo com o que noticiou o Politico, citando fontes da União Europeia, o setor agrícola deve contribuir como todos os outros, inclusive sujeitando-se a um mandato legal de “neutralidade climática” até 2050.

Von der Leyen culpa as alterações globais e a guerra

Entretanto, a presidente da comissão europeia, destaca as alterações climáticas e a guerra como razões para os protestos dos agricultores por toda a europa.

Fonte: EU Chief Ursula von der Leyen blames the mass European Farmer protests on Climate Change & Russia

Desta forma, Von der Leyen ignorou totalmente o facto dos protestos se prenderem principalmente, diretamente ou indiretamente, com as políticas da Comissão Europeia, nomeadamente as relacionadas com a chamada “agenda verde”.

Referência:

Facing farm protests, EU eases demands in 2040 climate proposal – POLITICO

Ver também:

Lobby na UE (1): 35 maiores lobistas têm a Ação Climática como prioridade – The Blind Spot

As razões para o protesto dos agricultores – The Blind Spot

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