A teoria do cultivo ou incubação designa-se pelo uso parasitário da linguagem, proferindo-se palavras-chave repetitivamente de forma a induzir um estado de medo constante. Trata-se de uma teoria sociocultural sobre o papel da televisão na formação das perceções, crenças, atitudes e valores dos telespectadores. Esta foi desenvolvida por George Gerbner, professor de comunicação e Larry Gross, argumentista e realizador.
A mencionada prática é habitualmente adotada por políticos, professores, médicos, jornalistas e repórteres. Verbi gratia, George Bush pô-la em prática como pretexto de invasão ao Médio Oriente.
O antigo presidente durante um dos discursos posteriores ao início da guerra, dispôs ostensivamente de diferentes variações da palavra “terror”, “armas”, “nuclear” e menção ao país Iraque. Ao todo, recorreu 13 vezes à palavra “terror”, 15 vezes à palavra “terroristas”, 6 vezes à palavra “terrorismo”, 55 vezes à palavra “Iraque”, 35 vezes à palavra “arma” e 16 vezes à palavra “nuclear”.
Ainda, o próprio George Bush assumiu em 24 de maio de 2005, num encontro da Segurança Social, o seguinte:
“É a terceira vez que digo isto e provavelmente vou dizê-lo mais três vezes. Na minha linha de trabalho, é preciso repetir as coisas vezes sem conta para que a verdade se entranhe, para que a propaganda seja catapultada.”
Outrossim, seguidamente ao derrame de petróleo “Deepwater Horizon”, Barack Obama proferiu um discurso usando a mesma técnica.. Constata-se que neste abundava “planos de batalha”, jargão militar e terminologia de Guerra, recorrendo-se a inúmeros intertextos do 11 de setembro, provocando uma dessensibilização da audiência ao adotar o derrame como um contexto de guerra. Todo este marketing linguístico visava insidiosamente familiarizar a população americana com crises experienciadas no passado.
Para concluir, crê-se que as palavras proferidas no cenário mediático são de enorme relevância para programar os espetadores com uma mensagem personalizada. Tal como o teórico da comunicação Marshall McLuhan afirmou: “O meio é a mensagem”. Ou seja, a forma de um meio incorpora-se na mensagem, criando uma relação simbiótica através da qual o meio influencia a forma como a mensagem é percecionada.
Bibliografia
CheneyWatch1 (Realizador). (2010). George W Bush threatens Mushroom Cloud pt 1 [Filme]. Obtido de https://www.youtube.com/watch?v=jw9BJ_Kh7mE
Gross, G. G. (16 de junho de 1976). Living With Television: The Violence Profile. Living With Television: The Violence Profile, p. 27. Obtido de https://www.researchgate.net/publication/22223200_Living_With_Television_The_Violence_Profile
House, T. O. (Realizador). (2010). President Obama’s Oval Office Address on BP Oil Spill & Energy [Filme]. Obtido de https://www.youtube.com/watch?v=Gh76oepKFc8&t=14s
House, T. O. (Realizador). (2010). President Obama’s Oval Office Address on BP Oil Spill & Energy [Filme]. Obtido de https://www.youtube.com/watch?v=Gh76oepKFc8&t=15s
McLuhan, M. (2001). The Medium is the Massage. Desconhecida: Gingko Press.
spode99 (Realizador). (2006). Catapult the Propaganda [Filme]. Obtido de https://www.youtube.com/watch?v=VxnegxNEDAc
Do mesmo autor:
Os 5 filtros da propaganda – The Blind Spot
Deformação da Informação: Jornalismo de Investigação – The Blind Spot