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O regresso do “lápis azul” pela mão dos atuais regedores…

Um gabinete de comunicação em cada câmara municipal ou uma imprensa regional livre em cada concelho?

A lei portuguesa consagra o apoio à imprensa regional, mas a realidade daquilo que vemos em Portugal é a proliferação de gastos públicos em assessorias e gabinetes de comunicação camarários dependentes de Presidentes da Câmara que tentam com um espírito “pidesco” valer as suas opiniões e a propaganda da sua obra em vez de apoiarem uma imprensa regional livre e independente.

O objetivo de quem insere a clientela política partidária nestes gabinetes de comunicação municipais é precisamente na prática “fiscalizar” quem não escreve a favor do “Sr. Presidente da Câmara”, não olhando a meios, se preciso, de destruir e fechar os órgãos de comunicação social mais “frágeis”, não entendendo que esta atitude só gerará no futuro mais desconfiança da população em relação aos políticos.

Há pouco tempo no meu artigo de opinião “A regionalização não é de confiança ” (se pesquisar no google encontrará…), escrevi sobre o “terror” político que certos edis promovem nas suas terras, sobre aqueles que se assumem politicamente contra o poder municipal. 

Por outro lado, a imprensa regional que escreve “a bem” dos eleitos dos executivos camarários, em muitas terras de Portugal tem apoios públicos, benesses e lugares para familiares nas autarquias…

Curiosamente no próximo 25 de Abril, muitos dos que veremos de “cravo ao peito” em cerimónias e na televisão, são os mesmos que têm o seu “gabinetezinho de comunicação” que não só “risca” a lápis azul quem diz mal da Câmara Municipal e em virtude dos tempos que correm de fake-news, ainda têm um poder mais perverso… o de acrescentar informação com o mesmo “lápis azul”, embora mais sofisticado…

Infelizmente estes gabinetes de comunicação não existem só nas autarquias, existem também em muitos organismos públicos do poder central…

É certo que no caso das câmaras municipais, no “Estatuto de Imprensa”, no seu artigo 3, existem alíneas que tentam evitar os desequilíbrios informativos e a existência de pluralismo informativo, mas o que é certo é que cada vez mais há inúmeras autarquias a violar esta lei…

Como é permitido a publicidade institucional não chegar à imprensa regional, como prevê esta lei? Como é possível ignorarem os efeitos nefastos do desprezo dado à imprensa regional, sem entenderem que a curto prazo esta ação se reverte contra quem a está a praticar. Desprezar os intermediários (imprensa) que transmitem a informação das mais variadas entidades para o público, gera desconfiança. 

Os 50 anos da democracia comemoram-se este mês e nem com a ascensão de forças extremistas, o PS e o PSD que dominam 80% das autarquias percebem que os novos ditadores são eles próprios…mesmo que andem de cravo ao peito, façam filmes, contem a História à sua maneira e façam muitos gabinetes de comunicação para os amigos e para exercerem uma censura democrática…

Paulo Freitas do Amaral 

Professor de História 

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