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Melinda Gates abandona fundação Gates para ajudar “mulheres e meninas“

Bill e Melinda Gates anunciaram o divórcio em Maio de 2021, depois de várias polémicas que envolveram o magnata, incluindo acusações de assédio, traição e ligações a Jeffrey Epstein, acusado de traficar mulheres para exploração sexual. Agora, Melinda Gates corta mais um vínculo com o ex-marido, e decide abandonar o cargo que ocupava na Fundação Bill & Melinda Gates. Dizendo-se preocupada com as mulheres e meninas do mundo inteiro, Melinda promete investir em iniciativas de “igualdade de género“.

Dois anos depois de terem anunciado o divórcio, em Maio de 2021, Bill e Melinda Gates vão agora romper mais um elo que os unia, com a ex-mulher do magnata a renunciar ao cargo directivo da fundação criada por ambos, a Fundação Bill & Melinda Gates, uma das principais financiadoras da Organização Mundial de Saúde.

Através de um comunicado divulgado ontem na rede social X, Melinda Gates revelou ter à sua disposição, doravante, cerca de 11,58 mil milhões de euros para continuar o seu trabalho “em prol das mulheres e das famílias“. Falando num “momento crítico para as mulheres e jovens nos Estados Unidos e no mundo“, a empresária diz que chegou o momento de passar ao “próximo capítulo“ da sua filantropia, que, pelas suas declarações, deverá passar por iniciativas para a igualdade de género.

Na verdade, em concreto, deverá passar pela Pivotal Ventures, uma fundação que a própria criou em 2015 e que se dedica a causas progressistas como a igualdade racial e de género, financiando empresas e fundos liderados por mulheres, como o Black Feminist Fund, com vista a “expandir o poder e a influência das mulheres nos Estados Unidos“.

De facto, esta tem sido uma das principais áreas de interesse da empresária, que em Junho passado se comprometia a reforçar os seus investimentos para fomentar o poder político das mulheres num artigo de opinião para a revista Times intitulado “Porque estou concentrada em ter mais mulheres em cargos públicos“.

No artigo, Melinda Gates frisava a questão racial, criticando a falta de mulheres negras ou indígenas em posições de poder. “Há mais de 16 milhões de mulheres negras neste país – e exactamente zero no Senado dos Estados Unidos. Nunca houve uma mulher negra ou indígena eleita governadora [no Senado norte-americano]“, escrevia a empresária.

Motivos da separação

Terão sido vários os motivos que levaram à separação do casal Gates, de acordo com entrevistas entretanto dadas pela empresária. Mas, um dos principais, segundo a própria, foi a ligação do ex-marido a Jeffrey Epstein, o empresário e suposto “filantropo“ norte-americano acusado de impulsionar uma rede de tráfico sexual que envolveu várias figuras poderosas como Bill Clinton e o Príncipe André, e que morreu na prisão em 2019 ainda antes de ir a julgamento.

Em 2022, Melinda Gates chegou mesmo a dizer que nunca gostou das reuniões que o então marido teve com Epstein, e que o achou “abominável“ e “o mal encarnado“ assim que o conheceu.

Já depois do escândalo em torno de Jeffrey Epstein e da sua morte, Bill Gates também tentou desvalorizar a sua relação com o empresário, dizendo que foi um erro e que os dois nunca foram amigos. Contudo, os empresários “filantropos“ conheceram-se em 2011, já depois de Epstein ter sido acusado e condenado por pagar a uma menor em troca de serviços sexuais. E, e-mails enviados por Gates e Epstein mostram que, depois de se terem conhecido, ambos terão ficado com boas impressões um do outro, elogiando-se mutuamente.

Aliás, nos anos seguintes, os dois empresários fizeram planos para criar um fundo de caridade multimilionário, que nunca chegou a ver a luz do dia. Em todo o caso, segundo fontes próximas de ambos, só a partir de finais de 2014 é que terá havido um afastamento entre os dois

No ano passado, soube-se ainda que Jeffrey Epstein terá chantageado Bill Gates a propósito de um caso extraconjugal que este terá tido em 2010 com Mila Antonova, uma jovem russa cerca de 30 anos mais nova. Frustrado com a recusa de Gates em embarcar num fundo de caridade, o milionário acusado de tráfico sexual ameaçou expor o caso com Antonova se o magnata não o ressarcisse por um curso que Epstein pagou à jovem numa escola de codificação de software.

Contudo, este não foi o único caso que Bill Gates teve durante o seu casamento com Melinda, tendo sido também conhecido um envolvimento com uma funcionária da Microsoft que terá durado vários anos. Algumas fontes próximas relataram que, na verdade, o multimilionário foi infiel em diversas ocasiões.

Além do trabalho desenvolvido através da sua fundação Pivotal Ventures, Melinda Gates é também autora do livro “Moment of Lift – How Empowering Women Changes the World“, que pretende empoderar as mulheres através da igualdade no trabalho, da promoção de métodos anticoncepcionais e dos chamados “direitos reprodutivos“.

Ver também:

Fundação Gates: apesar dos seus objetivos filantrópicos financia grandes empresas privadas – The Blind Spot

Lobby na UE (3): Como atuam as grandes Fundações – The Blind Spot

A influência de Gates na OMS: Financiamento desapegado ou investimento dissimulado? – The Blind Spot (Assinantes)

Estados Unidos vs. Microsoft: julgamento por monopolização de mercado – The Blind Spot

Paradoxo da caridade e os principais investimentos da Fundação Bill & Melinda Gates – The Blind Spot

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