Há um mês, foi-nos dito que a apresentação da análise que baseou inúmeras alegações falsas na nossa imprensa sobre vacinas, estava iminente. Agora, fomos informados que a sua apresentação foi adiada para “antes de Agosto”. Entretanto, a imprensa e os peritos envolvidos remeteram-se ao silêncio ou não respondem às questões colocadas. A TSF mantém a notícia e afirma ter-se baseado nos peritos e na informação recebida pelo NOVA Center for Global Health. Isto, apesar de o comunicado de imprensa da alegada fonte desmentir categoricamente várias das informações que passaram.
O Think Tank + Longevidade, coordenado pelo NOVA Center for Global Health e apoiado pela gigante farmacêutica GlaxoSmithKline, adiou a apresentação do relatório que supostamente sustentou informações falsas divulgadas na comunicação social.
Após o The Blind Spot ter sido assegurado pelo gestor do projeto, há um mês, de que o relatório final estaria “em fase de ajustes de redação e grafismo por parte dos colegas da Escola Nacional de Saúde Pública”, o mesmo responsável informou-nos agora que o relatório só será tornado público “antes de Agosto”. A justificação dada foi de que ainda o “estão a transformar numa coisa apresentável”.
Imprensa e peritos não respondem a questões
A generalidade dos órgãos de comunicação social envolvidos nas notícias que contradizem o responsável do projecto, e os peritos citados como fonte de tais informações, ou ignoraram as nossas múltiplas tentativas de esclarecimento, ou responderam de forma evasiva às questões apresentadas.
No caso da TSF, o seu diretor de informação e programação afirmou que mantém a notício, baseado nos depoimentos e na informação recebida.
No entanto, o próprio comunicado de imprensa desmente os dados veiculados, já que refere concretamente que os 245 milhões de poupança dizem respeito a uma estimativa de custos globais. E, além disso, esse valor é estimado para toda a economia e não apenas para o Estado.
” Nesta simulação, estima-se que em Portugal sejam gastos mais de 245 milhões de euros com custos de hospitalização, ambulatório e perdas de produtividade associados à gripe, ao herpes zoster, ao vírus sincicial respiratório (VSR), à doença pneumocócica e ao vírus do papiloma humano (HPV).”
Algo muito diferente daquilo que é referido pela notícia da TSF, que fala de uma possível poupança de 245 milhões com as vacinas.
Algo que o próprio responsável do Think Tank categoricamente desmentiu por telefone e num email que nos enviou.
“Constatamos ter havido por parte de alguns meios de CS uma interpretação menos correta da essência desta análise, pois fez-se a adoção (incorreta) do pressuposto de que o referido impacto económico está linearmente associado a uma poupança equivalente (seja a favor do Estado ou da economia no seu todo), o que não pode ser de todo assumido porque desde logo dar resposta à carga que se verifica destas doenças implicaria o óbvio investimento nas próprias vacinas, ao que se somam outros fatores (como por exemplo as taxas de eficácia das vacinas, a adesão ao ato vacinal, entre outros) que naturalmente fazem desta uma dedução inviável.”
Além disso, várias outras questões que colocámos ficaram por responder, tais como:
Dado que o próprio responsável pelo projeto, bem como o comunicado de imprensa dessa entidade, desmentem categoricamente e detalhadamente essas informações, em que fontes concretas se basearam?
Como justificam que outros órgãos de comunicação social tenham noticiado a informação contida no comunicado de imprensa (embora com eventuais erros menores) e, por isso, em contradição com a vossa?
Acham aceitável que, mais uma vez, se produzam notícias pouco claras baseadas em supostos estudos (que aparentemente, nem o são) sem que exista qualquer documento publicado que a sustente? (E que pelos visto continua por ser publicado).
O facto de este Think Tank ser patrocinado por uma grande farmacêutica que, ainda por cima, comercializa as vacinas que são promovidas não deveria aumentar o nível de exigência e de rigor sobre a informação transmitida à população?
Perante todos estes dados, não existe qualquer vontade de confirmar a veracidade da vossa notícia e esclarecer, caso justificado, os vossos leitores e a população em geral?
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