Nos Estados Unidos, um grupo de investigadores analisou 651 alimentos comercializados para crianças entre os seis meses e os três anos de idade, e descobriu que 70% dos produtos tinha falta de proteína e 44% ultrapassava as quantidades de açúcar recomendadas pela secção europeia da Organização Mundial de Saúde. De acordo com o estudo, publicado na revista científica Nutrients, os snacks e petiscos vendidos como opções ‘saudáveis’ para as crianças estão associados a um maior risco de obesidade, doenças crónicas e maus hábitos alimentares. “É necessário um trabalho urgente para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos para bebés e crianças produzidos comercialmente”, frisaram os cientistas.
Papas, cereais de pequeno-almoço, bolachinhas: as prateleiras dos supermercados têm uma ampla variedade de alimentos processados, destinados a bebés e crianças, e muitas vezes comercializados como benéficos para a saúde e ricos em vitaminas e minerais. Mas será que são mesmo opções saudáveis? Um estudo realizado nos Estados Unidos e publicado na semana passada na revista científica Nutrients mostra que não.
Em 651 produtos alimentares vendidos para crianças entre os seis meses e os três anos de idade nas 10 principais cadeias de supermercados americanas, mais de metade (60%) não estava de acordo com os perfis nutricionais recomendados e publicados em 2022 pela secção europeia da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com efeito, os investigadores concluíram que 70% dos produtos estava abaixo dos valores de proteína estabelecidos, e 44% ultrapassava os níveis recomendados de açúcar. Algo que consideraram “preocupante”, tendo em conta que o consumo excessivo de açúcar é uma das principais causas de obesidade e outras doenças relacionadas, como diabetes, doenças cardíacas e alguns cancros.
Os snacks em pacote foram os produtos menos ‘alinhados’ com as orientações da OMS – mas todos os snacks em geral, e os petiscos, também deixaram muito a desejar quanto ao perfil nutricional, inclusive as barritas de frutas e cereais, que muitos consideram alternativas saudáveis. Com efeito, como salientam os investigadores, além de bastante sódio e do açúcar naturalmente presente, estes alimentos contêm, com frequência, açúcares e adoçantes adicionados.
E deixam uma recomendação aos governantes: “À luz dos riscos conhecidos para a saúde e do rápido crescimento do mercado comercial de alimentos para bebés e crianças pequenas nos Estados Unidos e globalmente, os decisores políticos devem considerar a definição de limites para açúcares prejudiciais nesses produtos e/ou restringir o uso de açúcares e adoçantes livres adicionados”.
Lembrando que a primeira infância é um período crítico para a adoção de hábitos alimentares saudáveis, o estudo alerta que o consumo frequente destes produtos pode levar a padrões alimentares prejudiciais e “aumentar o risco de doenças crónicas na idade adulta”. Por isso, os investigadores consideram que “é necessário um trabalho urgente para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos para bebés e crianças produzidos comercialmente” no país.
E apesar de destacarem a pouca proteína e o excesso de açúcar nos alimentos comercializados, frisam que a observância das recomendações nutricionais foi baixa em todos os nutrientes.
“Os snacks de pacote compõem a esmagadora maioria do mercado e provavelmente continuarão a crescer em popularidade, à medida que os pais se inclinam para estes produtos em detrimento de alimentos caseiros, devido a estilos de vida ocupados, aumento das taxas de natalidade e um número crescente de mulheres no mercado de trabalho”, salientam no estudo.
Alimentos ‘ nocivos’ com rótulos enganosos
Além dos pobres perfis nutricionais, também as técnicas de marketing com recurso a rótulos e alegações enganosas foram problemas identificados pelos investigadores. De facto, grande parte dos produtos alimentares analisados exibiam rotulagens proibidas pela Organização Mundial de Saúde. Alguns alimentos vendidos como “sem açúcar”, por exemplo, eram, na verdade, maioritariamente compostos por açúcares.
Noutros casos, era também feita referência à presença de frutas e vegetais nos nomes dos snacks e petiscos, que, no entanto, “continham principalmente farinha ou outros amidos, e tinham frutas e ingredientes vegetais em quantidades muito mais pequenas”.
Para os investigadores, o facto de os alimentos para bebés e crianças serem, com frequência, erradamente promovidos e rotulados como “saudáveis” e “nutritivos”, torna difícil para os pais e cuidadores avaliar o seu valor nutricional corretamente.
Neste estudo, apenas o leite enriquecido, as fórmulas infantis e os eletrólitos orais não fizeram parte da amostra, por serem regulados pela agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA).
Fonte: More Than Half of Commercial Baby Foods Are Unhealthy | The Epoch Times