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Venda de carros elétricos trava a fundo na UE: quota de mercado sofre queda dramática face a agosto de 2023

A procura por veículos elétricos (EV), promovidos como uma peça central da “transição verde”, tem caído na União Europeia e já só representou 14,4% do total de vendas no mês de agosto. A quebra foi sentida em particular nos quatro países em que este mercado é mais pujante: Alemanha, França, Itália e Espanha. Segundo um estudo recente da McKinsey & Company, 29% dos proprietários de EV pondera voltar aos carros a combustão devido à falta de postos de carregamento e à baixa autonomia. Os fabricantes de automóveis alertam que esta tendência poderá sair cara à indústria e à Economia europeia, além de comprometer a almejada “neutralidade carbónica”, e exortaram os decisores políticos a aliviar as metas de ‘descarbonização’ para 2025 e a criar (ainda mais) incentivos à compra destes veículos.

Com a publicidade à chamada “transição verde”, o interesse dos consumidores por veículos exclusivamente elétricos (EV) tinha vindo a aumentar nos últimos anos, mas a venda destes carros na União Europeia está a abrandar bastante, de acordo com dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA). No mês passado, o número de EV vendidos caiu pelo quarto mês consecutivo, sofrendo uma descida de 43,9% em relação ao período homólogo.  

No total de automóveis vendidos na União Europeia, os carros elétricos apenas representaram 14,4% da quota de mercado em agosto – uma diferença significativa quando se compara com os 21% registados em 2023. Também a venda de híbridos sofreu uma queda acentuada: de 22,3%. Apesar de a quebra na procura ter afetado todos os automóveis, o ‘abalo’ foi muito menos expressivo nos veículos tradicionais: de 45,1%, a quota passou para os 44,3%. A tendência foi sentida sobretudo na Alemanha, França, Itália e Espanha, que representam os quatro maiores mercados europeus de EV. 

Este desinteresse pelos ditos ‘carros verdes’ fez com que os fabricantes automóveis exortassem os decisores políticos europeus a agir para criar mais incentivos à aquisição destes veículos e impedir que se venha a sentir um impacto negativo na indústria e na Economia – uma vez que poderão ter de enfrentar pesadas multas caso falhem as metas de ‘descarbonização’ para 2025 definidas pela Comissão Europeia. Nesse sentido, alertam para o risco de não se alcançar a chamada “neutralidade carbónica”, e pediram um alívio dos objetivos de redução das emissões de CO2 estipulados já para o próximo ano.

Descontentamento dos consumidores 

Para os proprietários, os problemas apontados a estes veículos dizem respeito sobretudo às dificuldades no carregamento das baterias e à falta de infraestruturas para esse efeito, bem como a impossibilidade de os carregar em casa e os problemas associados à baixa autonomia para as viagens de longa distância.  

De facto, de acordo com um relatório da ACEA divulgado em abril passado, as infraestruturas de carregamento não cresceram ao mesmo ritmo que as vendas de carros elétricos. Em 2030, o número de postos disponíveis teria de ser oito vezes superior ao atual, de modo a dar resposta à quantidade de EV considerada necessária para, supostamente, reduzir as emissões de dióxido de carbono. 

Em junho, foi divulgado um estudo internacional da McKinsey & Company, que revela um ‘arrependimento’ dos automobilistas, com 29% dos inquiridos a ponderar desistir dos carros ‘verdes’ e voltar aos de combustão.  Nos Estados Unidos, esta percentagem ascende aos 46%, denotando uma insatisfação considerável com estes veículos. 

Algumas fabricantes, como a sueca Volvo, já decidiram até reverter o objetivo de produzir exclusivamente carros elétricos no final desta década devido à redução da procura.


Fonte:  

EU car industry calls for urgent action as EV new car sales tumble | Euronews 

Ver também: 

Artigo com patrocínio da EDP sobre carros elétricos gera avalanche de comentários críticos – The Blind Spot 

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