As autoridades eleitorais romenas anunciaram este domingo, dia 9, que Calin Georgescu, o candidato que venceu as presidenciais em Novembro – que seriam anuladas pelo Tribunal Constitucional devido a uma alegada ingerência russa – está proibido de se recandidatar na repetição da primeira volta, marcada para o próximo dia 4 de Maio. A Comissão Eleitoral da Roménia argumenta que Georgescu infringiu as regras da campanha eleitoral e que não reúne as condições para a presidência do país. O candidato, que havia sido detido no final do mês passado, liderava destacado nas sondagens, muito à frente do segundo classificado.
Calin Georgescu, o candidato presidencial mais votado na primeira volta das presidenciais da Roménia a 24 de Novembro passado (com 23% dos votos) – que foram anuladas por suspeitas de interferência russa – não se poderá recandidatar nas novas eleições, que acontecerão já no próximo dia 4 de Maio.
O candidato é frequentemente descrito como “ultranacionalista”, de “extrema-direita” e “pró-Rússia”.
A decisão da Comissão Eleitoral Central da Roménia, que resultou de uma votação de 10 para 4, foi conhecida este domingo e espoletou protestos violentos nas ruas de Bucareste, com confrontos com as forças policiais. De acordo com o canal romeno Digi24, alguns manifestantes atiraram pedras, fogos de artifício e garrafas contra polícias e tentaram romper o cordão de segurança, tendo também ateado fogo a arbustos e contentores.
A comissão eleitoral alegou irregularidades com os documentos que o candidato apresentou sobre o financiamento da sua campanha eleitoral. Segundo a EuroNews, estaria em falta uma assinatura exigida por aquele organismo.
Num documento de três páginas, a autoridade eleitoral considera ainda que as acções e declarações de Calin Georgescu não são compatíveis com os valores exigíveis ao cargo de presidente e que a sua candidatura é contrária à decisão do Tribunal Constitucional de Dezembro do ano passado.
Na rede social X, Georgescu qualificou a decisão como “mais um golpe directo no coração da democracia em todo o mundo”, acrescentando que “se a democracia na Roménia cair, todo o mundo democrático cairá. Isto é apenas o começo”.
O candidato acusou também a Europa de ser agora uma “ditadura” e afirmou que a Roménia “está sob tirania”.
Contudo, esta decisão poderá ainda ser revertida, uma vez que Georgescu dispõe de 24 horas para apresentar recurso – algo que fará, conforme foi hoje confirmado por um dos conselheiros do candidato.
A sua recandidatura tinha sido entregue na passada sexta-feira; cerca de uma semana depois de o candidato ter sido detido quando ia entregar as credenciais para a nova volta das presidenciais. Acusado de apoiar grupos com “características fascistas, racistas ou xenófobas”, “incitação a acções contra a ordem constitucional” e de providenciar falsas informações e declarações sobre o financiamento de campanha eleitoral, Georgescu encontra-se actualmente sob investigação por seis crimes.
À frente nas sondagens
As acções judiciais e a decisão da Comissão Eleitoral não parecem, no entanto, abalar o apoio popular ao candidato.
Pelo contrário, sondagens recentes indicavam que Calin Georgescu é o grande favorito para as eleições a realizar em Maio na Roménia. A última sondagem, realizada pela Verified para os consultores do candidato presidencial da coligação governamental, Crin Antonescu, mostrava isso mesmo.
Calin Georgescu recolheu 41,1% das preferências, mais do dobro do que o segundo classificado, Antonescu (18,5%), e também muito à frente do presidente da Câmara de Bucareste, Nicușor Dan (12,4%).
Figuras internacionais apoiam Georgescu
Várias personalidades internacionais, de dentro e fora da política, manifestaram nas redes sociais o seu repúdio face à proibição decretada pelas autoridades eleitorais romenas; como Elon Musk, o cientista americano Robert Malone e Matteo Salvini.
Enquanto Salvini classificou a decisão como “um golpe europeu ao estilo soviético”, o multimilionário e dono da Tesla afirmou no X que “isto é uma loucura”. Por seu turno, Malone descreveu a situação, referindo que “o inferno abriu-se na Roménia!”.
Já o líder do partido espanhol de direita Vox, Santiago Abascal, também deixou uma mensagem de apoio a Calin Georgescu. “Compartilhamos com os nossos amigos romenos da AUR e da ECR a preocupação com o bloqueio da candidatura de Călin Georgescu, vencedor da primeiro volta das eleições na Roménia, bloqueio que ocorreu após a pressão inconcebível dos burocratas em Bruxelas. Num momento de extrema indignação e confusão, reiteramos a nossa defesa incondicional da vontade popular livremente expressa pelo povo romeno. A democracia não pode morrer na Europa”, escreveu.
Fontes
Comissão eleitoral romena suspende candidatura presidencial de Calin Georgescu | Euronews
Poll confirms Romanian far-right politician Georgescu at over 40% | Romania Insider
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