Parece que esta frase, atribuída a um boçal de nome Josef Stalin continua infelizmente atualizadíssima e descreve na perfeição o clima de pacto de silêncio que existe junto da comunidade médica e científica de um modo geral e que por artes mágicas ou por osmose, tem (conta)minado também os órgãos de comunicação social quer generalistas, quer especializados, um pouco por todo o mundo. Hoje enquanto sociedade parecemos seguir anestesiados, aquela velha máxima que diz não façamos perguntas audaciosas para não obter respostas que sejam incómodas. Eu pelo meu lado sempre me defini um espírito irrequieto e um questionador por natureza, prefiro uma verdade dolorosa do que uma mentira, ou omissão redentora ou piedosa, até porque por mais avassaladora que essa seja, nunca será tão grande e destrutiva como a ignorância, que como já dizia Aristóteles é a mãe de todos os males visíveis e existentes e que é, estou em crer, o que tem conduzido ao longo destes meses, todo o processo relativo ao flagelo que temos vivido.
Há, no entanto, neste silêncio ensurdecedor e na ausência bem presente de investigação dos factores de mortalidade em excesso algo, que carece de exp(l)i(c)ação sob pena de continuarmos às escuras e apalpadelas em pleno terreno desconhecido enquanto a vida se nos sucede sem que tenhamos muita noção do perigo, ou não perigo, que corremos, devido às irregularidades do terreno que temos vindo a pisar. É este exercício de aceder a luz e iluminar o caminho que se propõe com este artigo pois mesmo tendo em linha de conta, que durante o período comparado com o momento atual, as pessoas estavam privadas de sair das suas casas e consequentemente, menos expostas à sinistralidade, ou aos infortúnios acidentes aleatórios e frutos do acaso no seu quotidiano. Este factor, explica no entanto somente uma parte da história, que diz respeito aquela mortalidade que está em excesso nas pessoas mais jovens dos 0 aos 24 anos e que são também as mais irrequietas e dinâmicas e por arrasto mais suscetíveis a este tipo de azares, deixando no entanto por esclarecer, qual o motivo da tendência que se está a verificar de forma transversal em todas as faixas etárias, mesmo aquelas que por variadíssimas razões, nos anos anteriores tinham já uma reduzida mobilidade quando comparadas com as primeiras, e uma reduzida exposição ao risco de acidentes na via pública. Falo claro das pessoas com mais de 65 anos.
Para além destas conjeturas um outro aspecto que Importa também perceber é a razão pela qual o prémio do risco das seguradoras tem vindo a aumentar de forma desproporcional nos países Anglosaxónicos em especial EUA e canadá. Será que estas companhias e os seus decisores foram a reboque destes numeros dramáticos e perante a inexplicabilidade dos mesmos, entraram em pânico ao fazerem os seus forecasts habituais? Ou, ao invés disso, foram de facto solícitos e compreenderam que o crescimento de mortalidade atual, descontando todos esses factores já referidos é em si mesmo atípica e motivo claro de preocupação e alarme? Só quando deixarmos de observar acriticamente e de forma passiva os números preocupantes que amiúde têm vindo a terreiro e més após mês se adensam, e olharmos de facto enquanto cidadãos, especialistas, governos e entidades oficiais para estes números na expectativa que estes nos contem a verdadeira história, poderemos voltar à normalidade e às nossas rotinas sem preocupações de maior monta.
Até lá, temos que estar alerta e perceber que quer uma morte, quer dez, quer mil, ou outro número qualquer, têm precisamente o mesmo valor e devem ser entendidas como aquilo que verdadeiramente são, uma verdadeira tragédia a que urge dar resposta e mitigar atempadamente e isso passa naturalmente por esgotar todas as hipóteses possíveis até que não reste a mínima dúvida do porquê disto estar a acontecer.
Bruno Monarca
Consultor e Gestor