André Patrício, ator que representava “Lola” na peça “Tudo Sobre a Minha Mãe” foi substituído, num dos seus papéis, por um ator “trans”. A decisão do Teatro do Vão ocorreu após um protesto na passada quinta-feira que acusou a produção de ser “transfake”. O São Luiz justificou a mudança no elenco à contestação de falta de representatividade (apesar da peça já incluir outro ator “trans”) e “pela representação de uma personagem trans por um ator cis”.
Uma ativista trans, Keyla Brasil, interrompeu a peça de teatro quando apareceu pela primeira vez a personagem de Lola, representada até à data por André Patrício.
A manifestante subiu ao palco semi-nua e dirigiu-se ao ator ordenando-lhe que descesse do palco, antes de se dirigir à plateia para um discurso aceso e reivindicativo.
Pode assistir ao vídeo do protesto aqui, partilhado pela página de Instagram “Fadobicha”.
“Chamo-me Keyla Brasil, sou atriz e prostituta (…) o que está acontecendo agora é um assassinato e um apagamento da nossa identidade enquanto travesti”, começou por dizer enquanto a produção do São Luiz começava a baixar a cortina e os atores saíam de cena.
A protestante continuou a manifestar a sua insatisfação e dirigiu-se à produção da peça, a cargo do Teatro do Vão, por esta ter contratado quatro mulheres e três homens, mas apenas uma atriz trans e não duas.
“Eu trabalho como prostituta porque nós não temos espaço para estarmos aqui neste palco, neste lugar sagrado”, finalizou Keyla Brasil antes de ser afastada do palco.
O ator em questão, André Patrício, recorreu à sua página oficial nas redes sociais para expor o seu ponto de vista em relação a esta situação.
O teatro São Luiz anunciou, na sua página de Facebook, a explicação desta alteração.
“No seguimento de vários atos de contestação pela representação de uma personagem trans por um ator cis e pela criação de condições de acesso e representatividade para pessoas trans, o Teatro do Vão decidiu alterar o elenco do espetáculo, (integrando) a atriz trans Maria João Vaz na interpretação da personagem Lola”.