Depois do FBI, o Departamento de Energia dos EUA reconheceu também que a fuga laboratorial é a origem mais provável da pandemia. Apesar de inúmeras evidências de que poderia ser uma hipótese a considerar, os grandes media e fact checkers classificaram-na como teoria da conspiração e as grandes redes sociais censuraram quem a sugerisse.
Um relatório confidencial de inteligência recentemente fornecido à Casa Branca e a membros destacados do Congresso pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos concluiu que a hipótese mais provável para a origem da pandemia é a da fuga laboratorial.
A atualização de posição do Departamento de Energia resulta de novas informações. Como salienta o WSJ esta conclusão é relevante dada a experiência científica considerável da agência e ser, ela própria, supervisora de uma rede de laboratórios dos EUA, entre os quais alguns dos que conduzem pesquisas biológicas avançadas.
Esta posição junta-se à do próprio FBI que, já desde 2021, aponta essa hipótese como sendo a mais provável e até com um grau de fiabilidade superior ao do Departamento de Energia (que é de “baixa confiança”).
Outras agências e um painel de inteligência nacional mantém ainda a posição de que a transmissão natural é a hipótese mais provável (todos com “baixa confiança”). Outras duas estão indecisas.
Censura à teoria da fuga laboratorial
Apesar de ser agora cada vez mais aceite como uma hipótese provável ou, até, a mais provável, foi durante muito tempo alvo de censura pelos “verificadores de factos” (nacionais e internacionais).
Teoria da conspiração para os media e redes sociais
Também as maiores redes sociais e media, nacionais e internacionais, viram essa teoria como uma conspiração.
Historial de censura a uma teoria plausível
Um dos grandes fundamentos para a censura e ataque a quem sugeria essa possibilidade surgiu de uma carta publicada na revista The Lancet, logo em fevereiro de 2020.
Nessa carta, além de elogiar a “transparência” das autoridades chineses classificou essa hipótese como teoria da conspiração e “desinformação”.
“Estamos juntos para condenar veementemente as teorias da conspiração que sugerem que a COVID-19 não tem uma origem natural.”
“As teorias da conspiração não fazem mais do que criar medo, rumores e preconceitos (…). Apoiamos o apelo do diretor-geral da OMS para promover a evidência científica e a unidade sobre a desinformação e conjeturas.”
Um dos seus autores, que depois se soube ter sido o seu redator principal, Peter Daszak, era parte interessada na discussão, dada a sua íntima ligação ao laboratório de Wuhan e ao trabalho com coronavírus. Conflito de interesses que só revelou numa adenda 16 meses depois.
No entanto, a partir desse momento, e tal como noutros temas, quem colocasse a possibilidade poderia ser apelidado de conspiracionista ou censurado nas redes sociais.
Os fact checkers optaram por selecionar peritos ou estudos que favoreciam a teoria da evolução natural e, dessa forma, para além de censurar, poder classificar de negacionista ou teórico da conspiração, quem defendesse a visão contrária.
Isso tudo, apesar de inúmeras evidências que suportavam, já nessa altura, que essa possibilidade fosse considerada como: as falhas de segurança no laboratório de Wuhan, o surto semelhante a gripe que assolou o laboratório antes da identificação da epidemia, a anterior fuga que deu origem à epidemia de SARS também na China, entre outras.
Referência: A Lab Leak in China Most Likely Origin of Covid Pandemic, Energy Department Says – WSJ (artigo fechado)
Ver também:
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