Simbolismo Oculto nos Media

ByMiguel Lobo

30 de Abril, 2024 ,

Ao se navegar na arena mediÔtica, assiste-se à manifestação de simbolismo oculto, desde esoterismo até sociedades secretas, tais como: Maçonaria, Opus dei, Ordo Templi Orientis e Bohemian Grove. Este proselitismo ressurte-se insidiosamente na indústria do entretenimento, desde filmes, séries, músicas, livros, videojogos até bandas desenhadas.

Os sĆ­mbolos sĆ£o usados para transmitir informaƧƵes complexas de uma forma simples, por exemplo: as sinalĆ©ticas rodoviĆ”rias. NĆ£o obstante, nos cĆ­rculos ocultistas, a semiótica tem dupla interpretação. Eis uma passagem do livro ā€œMetaphysical media: the occult experience in popular cultureā€ de Emily D. Edwards:

ā€œA experiĆŖncia mediĆ”tica pode ajudar-nos a transcender de uma realidade caótica, realƧando-a com ficƧƵes requintadas, que poderĆ£o trazer significado, admiração e satisfação.ā€

Passo a citar algumas razões, pelas quais os meios de comunicação e de entretenimento estão obcecados em sufocar-nos com simbologia oculta.

Programação: Em 1953, a CIA concebeu um projeto intitulado de ā€œMK Ultraā€. Este consistiu num programa de experiĆŖncias humanas, em que os sujeitos eram submetidos a interrogatórios para forƧar confissƵes atravĆ©s de lavagem cerebral e tortura psicológica. A investigação permitiu testar efetivamente a inserção de sĆ­mbolos como forma de usurpar as crenƧas de um indivĆ­duo.

Provocação: Dada a insurgência repetitiva de simbologia oculta, vÔrios espectadores ficam conscientes do jogo de xadrez mediÔtico. Desta forma, o assomo descrito permite estimular esta audiência e, consequentemente, serem alvo de sÔtira e escÔrnio por parte da sociedade.

Marcas territoriais: Tal como um cão que urina no seu território ou um pastor que guarda o seu gado, o ocultismo aborda a comunicação social como se fosse seu apanÔgio.

Condicionamento: A violência simbólica contribui para uma dessensibilização da audiência, incutindo valores como a violência, ganância ou concupiscência. Ainda, inclui intertextos que visam preparar o público para mudanças sociais planeadas.

Comunicação codificada: O uso da semiótica caracteriza-se pela sua multitude de significados. Dito isto, o campo mediÔtico pode ser um veículo para difusão de mensagens, provavelmente opta-se por gematria difundida, dado que nesta linguagem atribui-se um valor numérico a cada letra. Os capacitados que consigam descodificar estas idiossincrasias, possivelmente, percecionarão planos de investimentos ou futuras manipulações sociais.

Mal-entendido: A mĆ” interpretação de sĆ­mbolos ocorre frequentemente, passo a exemplificar: os cornos satĆ¢nicos podem-se confundir com os cornos de Hookham caracterĆ­sticos da Universidade de Texas, ou atĆ© mesmo com a linguagem gestual americana para ā€œI Love Youā€.

Pareidolia: A forma como se vê um símbolo, permite uma maior suscetibilidade para as efabulações. Pois, por vezes, uma insígnia não tem intencionalidade de ludibriar os consumidores.

Merchandising: Os artistas, escritores e produtores estĆ£o cientes da popularidade do simbolismo oculto. Posto isto, ao colocarem estes indĆ­cios nos produtos e eventos, as suas receitas serĆ£o exponencialmente aumentadas. Veja-se as sapatilhas de basquetebol ā€œKyrie Irvingā€ e respectivas referĆŖncias a sociedade secretas.

Para concluir, quer se trate de condicionamento mental ou manobras de marketing, o simbolismo oculto estÔ presente desde os nossos primórdios. Atualmente, com a consolidação da literacia mediÔtica, assiste-se a uma potencial sinergia de observações e conhecimentos, permitindo uma maior exposição a estas formas primitivas de sedução simbólica.

Bibliografia

CIA. (2018). Project MK-Ultra. Unknown: Intellipedia. Obtido de https://www.cia.gov/readingroom/document/06760269

Cobb, K. (2005). The Blackwell Guide to Theology and Popular Culture. News Jersey: Wiley-Blackwell.

Edwards, E. (2006). Metaphysical media: the occult experience in popular culture. The Journal of American Culture, 2. Obtido de https://www.academia.edu/76348529/Metaphysical_media_the_occult_experience_in_popular_culture

Fry, C. (2008). Cinema of the Occult: New Age, Satanism, Wicca, and Spiritualism in Film. United States: Lehigh University Press.

Gunn, J. (2005). Modern Occult Rhetoric : Mass Media and the Drama of Secrecy in the Twentieth Century. USA: Rhetoric, Culture, and Social Critique.

Owens, A. (2021). Desire After Dark: Contemporary Queer Cultures and Occultly Marvelous Media. Indiana: Indiana University Press.

Pike, A. (2013). Morals and Dogma. USA: Orkos Press.

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