O líder da oposição na Venezuela divulgou esta quarta-feira uma contagem ‘alternativa’ dos votos, que contradiz a vitória das eleições presidenciais atribuída a Nicolás Maduro com os resultados oficiais do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Entre detenções, protestos violentos, e até mortes, as dúvidas sobre quem foi, de facto, o candidato escolhido pelo povo venezuelano parecem longe de se dissipar, e muitos países têm feito apelos para que haja transparência na contagem e divulgação das atas eleitorais.
A disputa sobre quem é o legítimo vencedor das eleições presidenciais na Venezuela não dá sinais de abrandar. Edmundo González, o líder da oposição ao governo venezuelano, apresentou esta quarta-feira, através de um site, uma contagem ‘alternativa’ aos resultados “oficiais”, onde o candidato obtém uma vitória esmagadora sobre Nicolás Maduro, com 67% dos votos. Saliente-se, contudo, que os números divulgados se reportam ainda a apenas 81,85% das atas eleitorais.
Em todo o caso, estes resultados ‘paralelos’ dão à oposição 7.173.152 votos – mais do que os cerca de 4,5 milhões de votos que tinham sido anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Nicolás Maduro, o presidente reeleito de acordo com os números “oficiais”, surge a larga distância, com 3.250.424 votos – representando assim apenas 30% da votação. Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, Maduro teria vencido as eleições pela terceira vez com 51,20% dos votos.
A contagem de votos divulgada pela oposição foi obtida com atas eleitorais recolhidas pelos opositores do governo venezuelano – e dos quais Maria Corina Machado, apoiante de González, é outra figura de destaque.
Depois da ida às urnas e de Maduro ter sido declarado vencedor, o Peru foi o primeiro país a reconhecer a vitória da oposição.
A reação do Brasil à polémica
O Presidente do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva, desvalorizou, entretanto, as disputas e suspeitas de fraude eleitoral nas eleições na Venezuela, e disse não ver nada de “anormal” na situação. “Não tem nada de grave, nem de assustador”, considerou o presidente em declarações esta terça-feira. Para Lula da Silva, a solução para o problema é simples: apresenta-se as actas – que têm de ser as “verdadeiras” –, e reconhece-se o legítimo vencedor, seja quem for. E em caso de dúvidas? “A oposição entra com recurso e espera na Justiça. E aí vai ter uma decisão que vamos ter de acatar”, afirmou Lula.
Apesar de haver um consenso dentro do seu partido para reconhecer a eleição de Nicolás Maduro, algumas pessoas próximas do governo brasileiro, como a ministra do Ambiente Marina Silva, destoaram desse apoio. Sem tomar partido, Lula da Silva tentou, ainda assim, assumir uma posição mais ‘neutra’, mas qualificou todo este processo como “normal e tranquilo”.