Portugal entrou em agosto com mais de 50 mil mortes em excesso registadas desde 2020, mas as verdadeiras causas continuam por apurar. Há dois anos, a então ministra da Saúde, Marta Temido, prometeu um “estudo aprofundado” sobre a mortalidade excessiva que se tem inexplicadamente prolongado, mas o executivo liderado por Luís Montenegro nunca trouxe sequer o tema para cima da mesa. O The Blind Spot perguntou à atual ministra se o novo governo pretende cumprir essa promessa e esclarecer a população, mas, tal como com os anteriores executivos, não obteve resposta. 2024 continua com uma mortalidade elevada, com 4.776 óbitos acima da média dos últimos anos pré-pandémicos.
Desde 2020 até julho passado, Portugal já contabiliza 52.839 mortes em excesso, em relação aos últimos anos pré-pandémicos (2015-2019), de acordo com a base de dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO).
Como o The Blind Spot já havia noticiado, o excesso de mortalidade no país foi constante durante o triénio de 2020-2022 (com 12.536, 14.030 e 13.742. respetivamente).
No entanto, apesar de este número ter caído em 2023, os níveis de mortalidade mantiveram-se muito superiores à média dos anos anteriores, com mais 7.754 óbitos.
E, mesmo em 2024, a mortalidade excessiva que começou durante a crise covid parece ainda persistir. Desde janeiro deste ano até ao final de julho passado, houve 4776 óbitos em excesso, comparando com a média do período homólogo no quinquénio de 2015-2019 (anos anteriores à pandemia).
Promessa de um estudo
Há (quase) exatamente dois anos, o anterior Governo, liderado por António Costa, anunciou um “estudo aprofundado” sobre o excesso de mortalidade registado em Portugal entre 2020 e 2022. Na altura, a então ministra da Saúde Marta Temido assumiu que os anormais níveis de mortalidade no início de 2022 – quando a covid-19 era muito menos problemática – poderiam resultar de “vários factores”.
No entanto, embora os números da mortalidade continuem a ser preocupantes, o novo Governo liderado por Luís Montenegro tem-se mantido em silêncio sobre o assunto. Deste modo, ignora-se em que ‘estado’ se encontra o estudo prometido, ou se irá sequer existir.
O The Blind Spot questionou a atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, sobre se pretenderia dar seguimento à promessa da sua antecessora, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.
Ver também:
Estudo prometido sobre excesso de mortalidade entre 2020 e 2022 não foi apresentado – The Blind Spot