Um estudo publicado na revista Nature investigou a evolução das temperaturas à superfície a nível global desde 1850. Na maioria dos registos temporais de temperatura, nenhuma mudança na taxa de aquecimento foi detetada depois da década de 1970. Os investigadores alertam para a importância de uma análise estatística rigorosa na investigação climática para evitar “falsos alarmes”. E destacam o fenómeno da autocorrelação como um fenómeno estatístico que, se não for tido em conta, pode levar à falsa deteção de picos de aquecimento a partir de variações normais de curto-prazo.
Uma investigação da prestigiada revista científica Nature procurou saber se houve um aumento estatisticamente detetável, ou uma aceleração, na taxa de aquecimento global à superfície durante as últimas décadas.
Uma investigação procurou saber se houve um aumento estatisticamente detetável na taxa de aquecimento global à superfície durante as últimas décadas.
Para esse efeito, recorreu a modelos de pontos de mudança, que são técnicas estatísticas concebidas especificamente para identificar alterações estruturais em séries cronológicas.
Os resultados mostram evidências limitadas da aceleração da temperatura na maioria das séries temporais de temperatura de superfície analisadas, não sendo detetada qualquer alteração na taxa de aquecimento para além da década de 1970.
Surpreendentemente, a análise não revelou sequer picos de aquecimento significativos após 1970 nos conjuntos de dados estudados, o que sugere que o aumento da temperatura global tem sido mais gradual desde então.
O perigo de serem as próprias análises estatísticas a sugerirem “picos de aquecimento”
Esta descoberta realça o desafio de distinguir entre flutuações de curto prazo e acelerações genuínas do aquecimento global.
Uma das principais conclusões do estudo é o impacto da autocorrelação, um fenómeno estatístico em que uma série cronológica está correlacionada com uma versão desfasada de si própria.
Ignorar a autocorrelação pode levar à deteção incorreta de pontos de mudança, que são pontos numa série temporal em que os dados se desviam significativamente da tendência esperada.
Os investigadores afirmam mesmo que, se esta investigação não tivesse tido em conta a autocorrelação, poderiam identificar erradamente um período como um pico de aquecimento, quando este seria apenas o resultado da própria estrutura dos dados.
Magnitude para um pico de aquecimento ser detetado
O estudo também identifica a magnitude de um pico de aquecimento que seria estatisticamente detetável. Segundo a sua análise um pico de aquecimento teria de ser, pelo menos, 39% a 133% maior do que a tendência atual para poder ser identificado com segurança.
Segundo os investigadores, este limiar realça a subtilidade das alterações que os cientistas estão a tentar detetar e a importância de se alcançar um elevado grau de confiança sempre que se alega a identificação de quaisquer picos de temperatura.
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