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Tal como um rio, é necessário averiguar a origem de um termo para compreender melhor qual será o seu destino. As alterações climáticas não são uma excepção, e é inegável que a dispersão do movimento foi premeditada, com o objectivo de estimular alterações endémicas no sistema em que vivemos (se com boas ou más intenções, isso é outra história). Posto isto, neste artigo comprometo-me a expor a evolução da agenda ambiental e climática ao longo dos séculos, para que se compreenda melhor o seu rumo e se a causa foi ou não desvirtuada.

Nos séculos XVIII a XIX, ocorreu a revolução industrial, em que o desenvolvimento e o crescimento económico estavam relacionados com a proliferação das indústrias. Entretanto, em 1713, Freiherr Hans Carl von Carlowitz publica o livro “Silvicultura oeconomica”, cunhando o termo “sustentabilidade”, da qual advogava o uso e conservação da madeira, de uma forma contínua e sustentável. (Hans Carl von Carlowitz, 1713)

De seguida, em 1962, Rachel Carson publicou o livro “Silent Spring”, abordando o ambientalismo, a Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e a proibição do diclorodifeniltricloroetano. (Carson, 1962)

Posteriormente, o Clube de Roma publicou o relatório “The Limits to Growth”, apresentado em Moscovo e no Rio de Janeiro no Verão de 1971 (Donella H. Meadows, 1972).

Em simultâneo houve reuniões na Suíça do “Painel de Peritos em Desenvolvimento e Meio Ambiente”, publicando-se o relatório “Painel de peritos convocado pelo Secretário-Geral da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano” em Junho de 1971 (Nations, 1971).

No ano seguinte, ocorre a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, tendo surgido o conceito de “ecodesenvolvimento”. Não menos importante, promulgou-se disposições legais, organizações e programas ambientalistas, tais como o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e o Earthwatch (Programa de Observação da Terra).

Ainda, na mesma década, ocorreu uma crise do petróleo nos Estados Unidos da América, da qual se ecoou inúmeras preocupações, desde o medo do crescimento económico, sobrepopulação, inflação, desemprego e esgotamento dos recursos naturais.

No hiato temporal entre 1970 e 1980, presenciou-se uma mediatização dos desastres ambientais, culminando numa consciencialização ambiental por toda a Europa na gestão dos recursos, comportamento dos indivíduos e a alternativa das energias renováveis. Assim, originaram-se movimentos grassroots, que lutavam contra projectos locais de energia e da indústria. Por exemplo, Patrick Moore, um dos fundadores da Greenpeace (associação fundada no Canadá em 1971), tornou-se num voraz crítico do movimento, indicando que a causa ambiental foi desvirtuada e que, ao invés disso, propagou-se alarmismo climático e ecologia punitiva (impostos e taxas a quem polui).

Ora, a Greenpeace teve um enorme sucesso com as suas campanhas publicitárias, suscitando uma “onda mediática” sobre o que se apelidava de aquecimento global. Robert Hunter, primeiro presidente e um dos fundados da Greenpeace formulou o conceito de bombas mentais, ou seja, o impacto que algumas imagens poderão causar nas pessoas. O activista acreditava que uma imagem chocante causaria um maior impacto do que estratégias de marketing tradicionais, tendo em vista mudar concepções vigentes e comportamentos da sociedade.

Principais Acidentes Ambientais (entre 1950-1990)

AcidenteImpacto
Minamata (Japão)Derrame de mercúrio, anos 50, 700 mortos, 9.000 doentes crónicos
Seveso (Itália)Acidente industrial, 1976, fábrica de pesticidas, libertação de Dioxinas
Bhopal (India)Acidente industrial com libertação de gás metil isocianeto, 1984, 3.300 mortos e 20.000 doentes crónicos
Chernobyl (Ucrânia)Acidente industrial nuclear, abril de 1986, emissão de 50 a 100 milhões de curies, 29 mortos, 200 condenados, 135.000 casos de cancro e 35.000 mortes subsequentes
Basiléia (Suiça)Incêndio e derramamento, novembro de 1986, 30 toneladas de pesticida derramadas no rio Reno, 193 km do rio morto, 500.000 peixes e 130 enguias
Valdez (EUA – Alaska)Acidente industrial, derrame de petróleo, 1989, 37 milhões de litros de óleo, 23.000 aves migratórias, 730 lontras e 50 aves de rapina
Goiânia (Brasil)Contaminação com césio 137, 1987, 5 mortos e centenas de contaminados
Rio Grande (Brasil)Acidente industrial, derrame de 8.000 toneladas de ácido sulfúrico no mar, 1998, não houve vítimas humanas mas fortes impactos ambientais e humanos (6.500 pescadores artesanais foram impedidos de pescar e houve perdas no turismo)

Em 1983, criou-se a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED), com vista a compreender a capacidade de absorção dos ecossistemas, para eliminar os resíduos produzidos pela actividade humana. A WCED ou Brundtland Report, publicada por Gro Harlem Brundtland, política norueguesa. (Brundtland, 1987) Esta, mencionou o seguinte:

“Desenvolvimento que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.”

Na declaração de Rio de Janeiro, esta citação foi transformada, como forma de significar: “dimensões ambientais, sociais e económicas”. Não obstante, o relatório explica que o desenvolvimento sustentável está directamente relacionado com o fim da pobreza, a satisfação básica de alimentação, saúde, habitação e a procura de novas fontes energéticas que privilegiem as energias renováveis e a inovação tecnológica.

A partir dos anos 80, os países pressionam os seus cidadãos a optar por práticas de sustentabilidade ecológica, crescendo a elaboração de estudos de impacto ambiental. Um dos mais bem-sucedidos foi o Sistema Integrado de Gestão Ambiental ou Modelo Winter, desenvolvido por Georg Winter em 1989.

Quanto ao activismo ambiental, surgiu como pioneiro o grupo “Earth First!”, pressionando as organizações e Estados, no sentido de influenciar as suas políticas e práticas. Em paralelo, instituiu-se o Dia da Terra a 22 de Abril de 1990, quando as preocupações ambientais já influenciavam as escolhas dos consumidores americanos.

Em 1992, assistiu-se à maior conferência planetária sobre o meio ambiente e desenvolvimento económico em Rio de Janeiro, denominada de ECO-92. Nesta, apresentaram-se os seguintes documentos:

  • Carta da Terra;
  • Convenção sobre Diversidade Biológica;
  • Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas;
  • Declaração sobre as Florestas;
  • Agenda 21.

A Agenda 21 caracteriza-se por um conjunto de directrizes orientadoras para Governos, instituições das Nações Unidas e sectores independentes, com o objectivo de promover o desenvolvimento da qualidade de vida, preservação dos ecossistemas e alterar o rumo das actividades humanas no planeta.

Mais tarde, em 1997, a Convenção Marco sobre Mudanças Climáticas foi discutida em Kyoto (Japão), resultando no Protocolo de Kyoto. O seu objectivo seria limitar a emissão de gases com efeito estufa às nações mais industrializadas.

  • Em 2000, a Declaração do Milénio foi adoptada durante a Cimeira do Milénio na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, estabelecendo-se os 8 objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). Estes objectivos representaram um marco na agenda internacional, comprometendo-se a combater a pobreza, promover a educação, a igualdade de género, a saúde e a sustentabilidade ambiental até 2015.

Passados dois anos, realizou-se a Conferência de JoanesburgoRio+10”, onde se avaliou o progresso das metas determinadas na ECO-92, especialmente da Agenda 21.

ClimateGate

Descobriu-se, através de hackers, que vários cientistas manipularam dados para comprovar um aumento da temperatura da Terra. Os e-mails foram divulgados em 2009, revelando que esses mesmos cientistas conspiraram para impedir a publicação de artigos de cépticos climáticos, chegando a ameaçar as direcções de algumas revistas científicas. Surpreendentemente, os e-mails mostram também que houve celebrações pela morte de um céptico climático. (Domingos, 2009)

Quanto ao último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) — um organismo da ONU que se apresenta como composto por cientistas, mas que, na verdade, é constituído por burocratas nomeados pelos governos —, a página central revela uma suposta subida de temperaturas em vários continentes. No entanto, os gráficos apresentados foram falsificados! (Climategate: Escândalo abala comunidade cientifica, 2009)

Mais adiante, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no Rio de Janeiro, foi iniciado o processo de criação dos ODS (Objectivos do Desenvolvimento Sustentável), com base nos ODM (Objectivos do Desenvolvimento do Milénio). Em paralelo, foi criado o “Grupo de Trabalho Aberto” em 2013 para desenvolver uma proposta sobre os “ODS”, e em 2015 a Assembleia Geral finalizou a Agenda 2030, com 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, durante a Cimeira da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. O Acordo de Paris, assinado em 2016, também foi um marco nesse contexto. Actualmente, o Fórum Político de Alto Nível serve como principal plataforma da ONU para acompanhar e rever os progressos dos “Objectivos do Desenvolvimento Sustentável”.

Preocupações ambientais ao longo do tempo

1960sEUAAmbienteQuímicos no Solo, Comida e Água
1970sEUAGlobalCrescimento AmbientalEmissõesPânico de Recursos
1980sGlobalAlemanhaCrescimentoDogmáticoPânico de RecursosAntinuclear
1990sGlobalizaçãoAmbientalExternalização da Poluição
2000sEuropaClimaCO2
2010sEUAClimaCO2
2020sEUA & EuropaClimaRegulação

Bibliografia

 

Brundtland, G. H. (1987). Our Common Future. Obtido de Our Common Future; Brundtland Report 1987

Carson, R. (1962). Silent Spring. Obtido de Silent_Spring-Rachel_Carson-1962.pdf

Climategate: Escândalo abala comunidade cientifica. (1 de Dezembro de 2009). Obtido de Wikinews: Climategate: Escândalo abala comunidade cientifica – Wikinotícias

O Climategate e a Conferencia de Copenhaga José J. Delgado Domingos (2009) Climagate_Expresso-30-11-2009.doc

Donella H. Meadows, D. L. (1972). The Limits to Growth. Obtido de collections.dartmouth.edu/xcdas-derivative/meadows/pdf/meadows_ltg-001.pdf

Hans Carl von Carlowitz, J. B. (1713). Sylvicultura Oeconomica. Obtido de ia801602.us.archive.org/32/items/bub_gb_bHJDAAAAcAAJ/bub_gb_bHJDAAAAcAAJ.pdf

Nations, U. (1971). Development and environment : report and working papers of a panel of experts convened by the Secretary-General of the United Nations Conference on the Human Environment . Obtido de Development and environment : report and working papers of a panel of experts convened by the Secretary-General of the United Nations Conference on the Human Environment – Founex, Switzerland, June 4-12, 1971 | IUCN Library System

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