O candidato centrista e apoiante da União Europeia Nicusor Dan venceu este domingo as presidenciais da Roménia com 54% dos votos, derrotando assim a visão mais eurocéptica do seu oponente nacionalista George Simion, que tinha sido o vencedor na primeira volta ocorrida há duas semanas. Simion colhia o apoio do ex-candidato Calin Georgescu, que teve a sua vitória anulada no final do ano passado e foi proibido de se recandidatar por suspeitas de interferência russa. Ontem, o fundador do Telegram disse ter recusado o pedido de um Governo ocidental (sem revelar qual) para silenciar vozes conservadoras na Roménia antes do dia das eleições.
Após ter ficado em segundo lugar na primeira volta das presidenciais na Roménia, o presidente da Câmara municipal de Bucareste, Nicusor Dan, acabou por sair vencedor das eleições neste domingo, dia 18, com 54% da votação. Dan, um ‘centrista’ que concorreu como independente e fez uma campanha a favor da União Europeia e da ajuda militar à Ucrânia, derrotou o seu rival nacionalista e eurocéptico George Simion, que tinha alcançado mais de 40% da votação há duas semanas.
Na primeira volta, a 4 de Maio, Nicusor Dan atingiu quase 21% dos votos, ligeiramente acima do candidato que ficou em terceiro lugar com 20%, Crin Antonescu.
Por sua vez, Simion, agora derrotado, havia conseguido mais 1,8 milhões de votos do que o candidato europeísta. Agora, em segundo lugar com 5.335.162 votos (46,38%), ficou a uma distância de 900 mil votos do seu oponente.
Com uma enorme adesão, estas eleições presidenciais registaram a maior participação desde 1996, com mais de 11,6 milhões de romenos a votarem. Num total de quase 18 milhões de eleitores, equivale a uma participação de 64,72%.
Segundo avançou o DW, o autarca de Bucareste pretende formar uma coligação de Governo com os outros partidos centristas e europeístas no Parlamento. No entanto, não ‘alienou’ os votantes de Simion, e convidou-os a “construir uma boa Roménia” quando discursou já depois de se conhecerem os resultados.
Na sua campanha, inclusivamente, o candidato também havia defendido que era necessária uma mudança entre os partidos políticos romenos – uma mudança que o próprio reivindicava para a sua candidatura –, tendo considerado que os apoiantes do seu rival continuariam insatisfeitos “até que o Estado trabalhasse para os seus cidadãos”.
No final da noite, George Simion parabenizou o presidente eleito pela vitória, apesar de inicialmente ter contestado as sondagens à boca das urnas que davam Nicusor Dan como o vencedor. Aliás, o candidato nacionalista começou por alegar que tinha obtido mais 400 mil votos do que o seu adversário e publicou mesmo na rede social X que era o novo presidente da Roménia. De acordo com a imprensa romena, Simion ter-se-ia baseado na votação dos romenos a residir no estrangeiro. De facto, na diáspora, venceu com 908.929 votos, à frente dos 721.683 votos obtidos por Dan.
Recorde-se que a candidatura de George Simion, considerado “ultranacionalista”, se sucedeu à anulação do sufrágio ocorrido no final do ano passado, em que Calin Georgescu acabou por ter a sua vitória invalidada por suspeitas de interferência russa. Georgescu, que foi impedido de se recandidatar e ainda se encontra sob investigação, tinha dado o seu apoio a Simion.
Telegram e alegações de interferência eleitoral
Embora George Simion tenha reconhecido a derrota, houve um clima de suspeição no ar relativamente a possíveis tentativas de interferência no acto eleitoral. Na sua página do X, Simion lançou algumas suspeitas a propósito de cidadãos que estariam recenseados apesar de já terem falecido.
Por outro lado, o fundador do Telegram alegou que um Governo europeu ocidental lhe teria pedido que silenciasse vozes conservadores na sua rede social até ao dia das eleições, segundo a Reuters. Pavel Durov, contudo, não revelou qual seria o país europeu em causa, tendo-se especulado que seria a França devido ao uso de um ‘emoji’ da baguete.
“Um governo da Europa Ocidental… abordou o Telegram, pedindo-nos para silenciar as vozes conservadoras na Roménia antes das eleições presidenciais de hoje. Eu recusei categoricamente”, escreveu Durov na rede social. “O Telegram não restringirá as liberdades dos utilizadores romenos nem bloqueará os seus canais políticos”, acrescentou.
Fontes
Romania election: Pro-EU centrist Nicusor Dan wins runoff – DW – 05/19/2025
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