O Facebook censurou durante algumas horas visualizações e partilhas de um estudo publicado na revista Nature. O estudo relata um aumento de chamadas telefónicas de paragem cardíaca e síndrome coronária aguda, entre os 16 e os 39 anos, após a campanha de vacinação covid-19 em Israel. Apesar de ter reconhecido o erro, um aviso de “Informações parcialmente falsas” ainda consta de publicações dessa rede social.
O Facebook censurou um artigo do The Blind Spot, publicado a 29 de abril e baseado num estudo da Nature, e classificou as suas partilhas como “informação parcialmente falsa”. Após um dos utilizadores recorrer da decisão, o Facebook removeu essa indicação , reconhecendo o erro, passadas algumas horas.
No entanto, pelo menos numa publicação em que a situação foi denunciada, o aviso de informações parcialmente falsas continua presente, até ao dia de hoje.
O estudo em causa
O estudo da Nature denominado “Aumento dos eventos cardiovasculares de emergência entre a população sub-40 em Israel durante o lançamento da vacina e terceira onda covid-19” encontrou um aumento de 25% no volume de ocorrências de paragem cardíaca e síndrome coronária aguda, em comparação com 2019-2020, na população dos 16 aos 39 anos.
Por outro lado, não encontraram associação entre este tipo de emergências e as taxas de infeção covid-19.
Os autores concluem:
“Embora não estabeleçam relações causais, os resultados levantam preocupações relativamente aos efeitos secundários cardiovasculares graves não detetados pela vacina e sublinham a relação causal já estabelecida entre vacinas e miocardite, uma causa frequente de paragem cardíaca inesperada em indivíduos jovens.”
Para esta análise, os investigadores utilizaram os dados do Serviço Nacional de Emergência Médica (EMS) de Israel de 2019 a 2021.
Os fact-checkers e a Nature
Para suportar a decisão de censura, o Facebook utilizou dois artigos de fact-checkers.
A THIP, cujas iniciais significam Projeto Indiano da Saúde, é um projeto privado criado em 2013. Recebeu um financiamento de quase 32 mil dólares da Google em 2020. O seu site indica que a sua maior fonte de rendimento é a Meta, através do fact-chech do Facebook e WhatsApp.
A Lead Stories é uma empresa norte-americana dedicada ao fact-checking. Foi fundada em 2015 e tem como principais clientes o Facebook e a ByteDance, dona do TikTok.
A revista Nature é uma publicação norte-americana com mais de 150 anos. É, segundo o seu site, “uma revista internacional semanal que publica as melhores pesquisas revistas por pares em todas as áreas da ciência e tecnologia com base na sua originalidade, importância, interesse interdisciplinar, pontualidade, acessibilidade, elegância e conclusões surpreendentes”.