O grupo do Instituto Superior Técnico, que tem difundido relatórios sobre a incidência de covid-19, veio agora afirmar que, afinal, se trata apenas de um “esboço embrionário”. A resposta vem na sequência de uma ação judicial interposta pelo jornal PÁGINA UM, após a recusa de divulgação dos dados brutos e toda a metodologia utilizada. Os relatórios têm sido difundidos pela agência Lusa e por toda a comunicação social.
Como resposta ao Tribunal Administrativo de Lisboa, no seguimento de uma intimação feita pelo PÁGINA UM, o Instituto Superior Técnico (IST) classificou os relatórios sobre a covid-19, que têm sido divulgados na comunicação social, de “um esboço embrionário, que consubstancia um mero ensaio para um eventual relatório” (artigo 8º da resposta).
Consideram assim, que os dados gerais que apresentaram são suficientes (art. 9º). Isto por supostamente não estarem “perante uma situação a que se aplique o regime de liberdade de acesso” (art. 10º) “devido à natureza intrínseca do documento em si” (art. 11º).
O argumento fica mais claro no artigo 12º da resposta, quando se percebe que o uso da expressão “esboço embrionário” serve para alegar a não obrigatoriedade de divulgação dos dados:
“A propósito se menciona o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 3.º da citada lei, que estabelece que, designadamente, os esboços e apontamentos não são considerados documentos administrativos para efeitos da referida lei.”
Desmentido da Lusa
Esta alegação do IST de se tratar de “um esboço embrionário, que consubstancia um mero ensaio para um eventual relatório”, é desmentida pela agência Lusa.
Num email divulgado na notícia do PÁGINA UM, é possível verificar que a Lusa confirma a existência do relatório e adianta que, caso contrário, “não teria feito a notícia”.
Estudos do grupo do Técnico
Em junho, o The Blind Spot, publicou um artigo sobre a previsão do Instituto Superior Técnico, que apontava para um mínimo de 350 mil contágios diretos devido a festas populares e que foi notícia em 50 órgãos de comunicação, incluindo todos os grandes media.
Ao contrário do previsto, os casos não aumentaram e, pelo contrário, caíram de forma acentuada. No entanto, o falhanço das previsões não mereceu qualquer referência por parte de quem as divulgou.
Já em agosto, o mesmo grupo, apesar de os números de casos e mortes terem caído 80% e da única previsão que podia ser aferida ter falhado, alegou que ocorreram 340 mil contágios nas Festas Populares e nos festivais de música devido à ausência de máscaras e de testagem.
Alegaram ainda, que esse levantamento de restrições e as festividades teriam sido responsáveis pela morte de 790 pessoas.
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