Quarenta QuatriliƵes de dados informativos surgem digitalmente todos os anos.
Nunca tivemos tanta informação ao nosso dispor.
Universidades, motores de busca, grupos de reflexão partilham diariamente informação médica, industrial, tecnológica, financeira, entre outras.
Por isso, o que é que nós estamos a fazer com toda esta informação?
Apesar do crescimento explosivo da informação devido à televisão por cabo e à Internet, em média, os cidadãos de hoje estão tão a par dos principais acontecimentos noticiosos como estavam hÔ 30 anos.
Conhecimento polĆtico ā Comparação entre 1989 e 2007 | |||
1989 | 2007 | DiferenƧa | |
Percentagem que sabia o nome | % | % | |
Atual Vice-Presidente | 74 | 69 | -5 |
Governador do seu Estado | 74 | 66 | -8 |
Presidente da RĆŗssia | 47 | 36 | -11 |
Percentagem que conseguiu identificar | % | % | |
Tom Foley / Nancy Pelosi | 14 | 49 | 35 |
Richard Cheney / Robert Gates | 13 | 21 | 8 |
John Poindexter / Scooter Libby | 60 | 29 | -31 |
Nunca tivemos tanta informação médica à nossa disposição.
No entanto, parece que não estamos a ficar mais saudÔveis.
Nunca tivemos tanta informação financeira à nossa disposição.
No entanto, parece que não estamos a ficar mais ricos.
Nunca tivemos tanta informação jurĆdica Ć nossa disposição.
No entanto, continuamos a não saber os nossos direitos.
Talvez estejamos a receber demasiada informação das fontes erradas.
Vivemos num mundo onde hÔ cada vez mais informação e cada vez menos significado.
Talvez tenhamos confundido informação com conhecimento, e conhecimento com sabedoria.
A razão é simples, as empresas de comunicação social são grandes corporações. Muitas vezes, fazem parte de conglomerados ainda maiores.
Para estas entidades, não lhes traz qualquer vantagem em ter uma população minimamente informada e esclarecida acerca das temÔticas da atualidade.
Tudo o que consumimos em termos informativos é proveniente destas organizações, quer recorramos à televisão, internet, rÔdio, jornal ou revistas.
Ou seja, tĆŖm o poder de definir a nossa ideologia polĆtica, código de vestuĆ”rio, hĆ”bitos alimentares, crenƧas religiosas (ou a ausĆŖncia delas), basicamente toda a nossa perceção do mundo.
Os jornalistas inseridos neste meio, operam da seguinte maneira:
Newsmaking, que consiste na criação de notĆcias, segundo pressƵes polĆticas, económicas e sociais.
Gatekeeping, o guardiĆ£o que filtra e seleciona as notĆcias. Ou seja, filtra e censura as notĆcias que realmente dariam poder e sabedoria Ć sociedade e, simultaneamente seleciona as notĆcias que nĆ£o nos acrescentam qualquer valor. Como por exemplo, fait-divers, que consistem em notĆcias de fĆ”cil digestĆ£o, que nĆ£o requerem grande reflexĆ£o como sensacionalismo, drama, desporto, polĆtica, guerra, crimes, celebridades, entre outras.
E finalmente o Agenda-Setting, que define a agenda que serÔ imposta na sociedade e consequentemente, tema na opinião pública.
Dito isto, não hÔ dúvidas de que é um modo de trabalhar perverso, manipulador e tendencioso.
Um jornalista deve estar livre de agendas, propaganda, lobbying, operações psicológicas e desinformação.
DeverĆ” passar por um processo de investigação Ć”rdua. Acompanhando mĆŗltiplas fontes para credibilizar as suas notĆcias, confirmando a veracidade das informaƧƵes, e de ser isento e transparente em relação a tudo o que partilha.
Outrossim, a investigação deve ser executada através de diferentes motores de busca, outros canais da World Wide Web, plataformas alternativas e o estudo intensivo de livros e filmes.
NĆ£o só trabalhar o princĆpio do contraditório, bem como investigar de forma profunda a veracidade do que nos Ć© apresentado. A recolha da informação poderĆ” estar presente em relatórios, documentos governamentais, patentes, artigos cientĆficos, entrevistas, depoimentos e declaraƧƵes de imprensa.
E apesar da televisĆ£o ser ainda a fonte primĆ”ria de recolha de notĆcias, o panorama estĆ” a mudar.
Enquanto que, no século XX, a instituição noticiosa era o gatekeeper mais importante devido ao controlo dos meios de comunicação de massas sobre os canais de comunicação, o surgimento dos meios digitais (que permite que praticamente todas as pessoas com acesso à Internet publiquem), combinada com a ascensão de novos gatekeepers secundÔrios sob a forma de motores de busca, redes sociais e outras, alteram completamente o paradigma mediÔtico.
Infelizmente, a informação de qualidade tem sofrido uma multitude de ameaças.
A mais radical são mesmo as ferramentas de queima de livros digital, como os padrões da comunidade, censura, filtragem e o próprio algoritmo.
NĆ£o só provocam a deterioração da democracia, bem como a proibição de livre-arbĆtrio e liberdade de expressĆ£o na Internet.
ReferĆŖncias:
Miguel Lobo
