A tendĆŖncia da concentração empresarial aprofunda-se, sobretudo para as empresas multinacionais norte-americanas e chinesas, de acordo com a Revista Forbes na edição de agosto. Ambos paĆses sĆ£o responsĆ”veis por 54% das 500 empresas consideradas na lista da revista, correspondendo a cerca de 59% de todo o volume de vendas. AliĆ”s, Ć© na Ćsia que estĆ£o as maiores Ć”reas metropolitanas com 9 grandes centros de negócios, logo seguida pelos EUA com oito grandes centros. Confirma-se, assim, a supremacia dos EUA e da China relativamente aos principais centros de negócios do mundo, previsĆ£o sem grandes variaƧƵes para o próximo ano.
Todos os anos em agosto, jĆ” lĆ” vĆ£o 34 ediƧƵes, a revista Fortune lanƧa um nĆŗmero especial sobre as 500 maiores empresas Ć escala global. Provavelmente algumas fundiram-se, outras foram compradas e algumas nĆ£o apresentaram os dados necessĆ”rios de 2022, a tempo de vir no ranking deste ano. Tal como nos Ćŗltimos anos, tĆŖm aparecido empresas de 33 paĆses em mĆ©dia.
10 Maiores Empresas da F500
O valor de vendas das dez maiores empresas representa mais de 11,5% do total das vendas realizadas pelas 500 maiores empresas deste ano, enquanto em 2017 esse valor era de 12,5%.
A Walmart sediada no Arkansas, EUA, Ć© a maior empresa deste ranking hĆ” alguns anos. O caminho da digitalização do negócio, bem como as polĆticas de expansĆ£o, em especial para o continente asiĆ”tico, explicam entre outros fatores, a razĆ£o de se manter nĆŗmero um. TambĆ©m Ć© a que tem mais trabalhadores, cerca de 2 milhƵes e 100 mil.
Em segundo lugar aparece, beneficiando da invasĆ£o russa na UcrĆ¢nia e de decisƵes estratĆ©gicas bem planeadas em termos de expansĆ£o de negócios em energias alternativas e outros grandes projetos, a Saudi Aramco da ArĆ”bia Saudita que o ano passado estava na sexta posição e este ano Ć© a primeira no ranking de lucros. Em terceiro lugar aparece a State Grid, de origem chinesa que mantĆ©m a posição do ano passado. Em quarto lugar aparece a que era segunda no ano passado, a Amazon, que soube beneficiar do efeito da pandemia, mas acumulou alguns prejuĆzos.
Nos lugares seguintes surgem grandes petrolĆferas, como a China National Petroleum, a Sinopec Group, a americana ExxonMobil e a britĆ¢nica Shell. Em oitavo lugar aparece a Apple que foi a segunda em lucros neste perĆodo e a fechar as dez maiores empresas aparece a americana Unitedhealth Group, que jĆ” nos habituou a este top dez, e claramente beneficiando da pandemia que alargou Ć escala planetĆ”ria.
Podemos concluir que o ano de 2022 foi algo atĆpico, pois logo no inĆcio, em fevereiro, a RĆŗssia ao invadir a UcrĆ¢nia provocou um boicote a qualquer energia, fosse de gĆ”s natural ou petrolĆfera russa, gerando uma dinĆ¢mica invulgar nas maiores empresas, beneficiando as grandes empresas energĆ©ticas.
Dominam os PaĆses do Costume: EUA e China
O principal dado na anĆ”lise de empresas por paĆs Ć© que os que mais contribuem para este ranking, continuam a ser os mesmos de hĆ” alguns anos. Os EUA recuperaram o primeiro lugar perdido o ano passado para a China, com 136 empresas em 2023, enquanto em 2022 eram 124 empresas, ao passo que a China passa de 136 em 2022 para 135 em 2023. Estes dois paĆses sĆ£o responsĆ”veis por 54% das 500 empresas mencionadas e sĆ£o responsĆ”veis por 59,3% de todo o volume de vendas. Em 2017 o peso destes dois paĆses era de 48%. Ā em nĆŗmero de empresas e vendas de 52, 4%.
Esta tendĆŖncia de concentração deve-se a uma polĆtica das multinacionais americanas e chinesas de compra de outras empresas a nĆvel mundial. Como exemplo desta movimentação, temos a maior parte das empresas unicórnios (start upās que atingem uma valorização de 1.000 milhƵes de dólares sem ter presenƧa na bolsa) de origem portuguesa, sediadas nos EUA.
No ranking dos 5 paĆses que mais contribuem para este ranking com empresas, aparece em terceiro lugar o JapĆ£o, que decresce de 51 empresas em 2017 para 41 este ano, depois a Alemanha que passou de 29 em 2017 para 30 este ano e a FranƧa, que tambĆ©m decresce de 29 empresas em 2017 para 24 este ano.
Tradicionalmente a seguir, o paĆs que mais contribuĆa em nĆŗmero de empresas para este ranking era o Reino Unido, tinha 24 empresas em 2017, 18 o ano passado e agora aparece com 15, tendo sido ultrapassado pela Coreia do Sul, que passa de 15 empresas em 2017 para 18 em 2023. Ā
Igual movimento se passa com a oitava posição que normalmente era da Suiça, em 2017 com 14 empresas, agora com 11 e a Holanda que tinha 14 igualmente em 2017 e agora 10 e são ultrapassadas pelo Canada que em 2017 tinha 11 empresas e agora 14.
No total, estes dez paĆses representavam em 2017, 86% das 500 empresas e 88,8% do total das vendas destas 500 empresas e este ano, passou este ano para 87% do total do nĆŗmero de empresas e 85,2% do total de vendas.
Isto significa que os outros 23 paĆses presentes na F500 deste ano contribuem com 13% de empresas e 14,8% do total de vendas geradas neste ranking.
Apesar das alteraƧƵes de forƧa mundiais, com a invasĆ£o russa na UcrĆ¢nia, algumas rotas comerciais cada vez com maior peso, nomeadamente nalguns paĆses Ć”rabes, ainda nĆ£o sĆ£o suficientes para que as principais potencias económicas sintam um verdadeiro abalo da sua estrutura Ć escala planetĆ”ria.
As 20 Maiores Ćreas Metropolitanas por sedes das F500 Ā
Em primeiro lugar, aparece Pequim com cerca de 6.126 mil milhões de dólares, concentra quase 55% do total de vendas das empresas chinesas deste F500 Global. Shanghai, em oitavo lugar, Shenzhen, em nono e Hangzhou em 16º completam esta lista das 20 maiores Ôreas metropolitanas. Em segundo lugar com 1.863 mil milhões de dólares, concentrando mais de 67% do total das vendas, encontra-se Tóquio, com Nagoya a aparecer neste mini-ranking em vigésimo lugar. A terceira metrópole é Paris, com 1.672 mil milhões de dólares, 98% do total de vendas francesas.
Em quarto lugar fica New York com 1.364 mil milhões de dólares, San Jose, em quinto, Dallas, em sexto, Springdale, em décimo primeiro, Washington em décimo segundo, Minneapolis em décimo quarto, Houston em décimo quinto e Chicago a fechar a lista do top americano em décimo sétimo lugar.
Em sétimo lugar, Londres com 1.037 mil milhões de dólares, responsÔvel pelas sedes das empresas do Reino Unido, com mais de 80% do total de vendas das empresas. A décima metrópole é Seul com 728 mil milhões de dólares, 64% do total das vendas das empresas coreanas.
Curioso é a décima terceira ser Drahan, na ArÔbia Saudita que só tem uma empresa no ranking, mas que é a segunda empresa das F500, a Saudi Aramco, com 604 mil milhões de dólares.
Em 18Āŗ lugar aparece Munique, com 464 mil milhƵes de dólares, 18,6% do total das alemĆ£s. E em dĆ©cimo nono lugar vem Singapura, sem dĆŗvida um exemplo de vigor económico de um dos paĆses mais pequenos do mundo, que com as suas 3 empresas perfaz um total de 432 mil milhƵes de dólares, sendo um centro económico determinante de negócios da Ćsia.
Em jeito de conclusĆ£o, verificamos que o continente asiĆ”tico conta com 6 paĆses neste ranking das maiores Ć”reas metropolitanas com 9 grandes centros de negócios. Os Estados Unidos vĆŖm a seguir com 8 grandes Ć”reas metropolitanas, e por Ćŗltimo, temos a Europa com 3 paĆses. Confirma-se assim, a supremacia dos atuais centros de negócios principais no mundo, ou serem na Ćsia ou nos Estados Unidos. PrevĆŖ-se que os dados de 2023 nĆ£o tenham grandes variaƧƵes no top das maiores multinacionais. CĆ” estaremos para comentar.Ā

Pedro Matos