Gestão do Risco na Sociedade Mundial do Risco

ByMaria Joao Carvalho

16 de Novembro, 2022 ,

Na sociedade moderna, a descrenƧa em Deus abriu um espaƧo gigante para a omnipresenƧa do risco que passou, paulatinamente, a regular todas as acƧƵes no mundo da vida. O conceito de risco, na sua categorização, contempla a dimensĆ£o de vulnerabilidade e perigo que, naturalmente, sempre esteve presente no quotidiano dos povos, mas devido Ć  falta de conhecimento cientĆ­fico e desenvolvimento tecnológico, os povos primitivos assolados pelas catĆ”strofes atribuĆ­am as suas desgraƧas Ć  punição divina. A antecipação da catĆ”strofe adquiriu uma importĆ¢ncia capital na nossa sociedade moderna, que Ć© integrada sob o pressuposto de risco no domĆ­nio das organizaƧƵes sociais modernas no Ć¢mbito: polĆ­tico, jurĆ­dico, cientĆ­fico e territorial. A avaliação do risco passou a ser equacionada com base na premissa: Risco = Perigosidade * Vulnerabilidadeā€. (A equação das premissas que contemplam a (vulnerabilidade e perigo) permite que os riscos sejam geridos e mitigados. ā€œQuando esta probabilidade de ocorrĆŖncia perigosa se conjuga com a estimativa das suas consequĆŖncias sobre pessoas, bens ou ambiente, contabilizĆ”veis atravĆ©s dos danos e prejuĆ­zos causados de forma direta ou indireta (corporais, materiais e funcionais) estamos a falar de riscoā€ (Almeida, 2005, p.47).Ā  A noção e controlo do risco, paulatinamente, tem definido novas formas de governanƧa, nĆ£o só na dimensĆ£o geogrĆ”fica dos paĆ­ses, mas no mundo em constante transformação.

Governança na gestão dos riscos

Se recordarmos os ataques terroristas ocorridos nos Estados Unidos da AmĆ©rica, a 11 de Setembro de 2001, verificamos que os governos de todo o mundo, devido aos ataques ocorridos adoptaram medidas restritas de seguranƧa na vida quotidiana dos cidadĆ£os e na circulação das pessoas dentro e fora dos domĆ­nios territórios. Na perspectiva de Ulrich Beck, autor da obra: Sociedade de Risco Mundial, ā€œOs riscos dizem respeito Ć  possibilidade de acontecimentos e desenvolvimentos futuros, tornam presente um estado do mundo que (ainda) nĆ£o existeā€ (Beck,1996, p.31). A gestĆ£o dos riscos assume-se como norma de regulação da vida humana no universo institucional e social. As agendas polĆ­ticas sĆ£o (agora) marcadas pelas ideologias de gĆ©nero e alteraƧƵes climĆ”ticas, que agilizaram o papel do Estado na regulação e controlo nas esferas privada e na saĆŗde pĆŗblica visando a seguranƧa ilusória de todos os cidadĆ£os.

Comunicação Social

O universo cosmopolita da encenação da catÔstrofe, na comunicação social, adquiriu uma espécie de espectÔculo que visa suscitar a emoção dos espectadores. O marketing comunicativo passou a ter maior redundância no público do que o conteúdo. o espetÔculo televisivo carregado de emoção suscita os fantasmas do inconsciente colectivo nos indivíduos, O constante apelo à heurística afectiva dos indivíduos cria a expectativa cimentada numa espécie de (medo) difuso, sensação de incerteza face ao desconhecido, que leva os indivíduos a exigirem medidas restritivas aos governantes. O exemplo prÔtico da hiperbolização do risco do Sars-CoV2 difundida exaustivamente pelos media (mainstream) levou os indivíduos à exacerbação do mecanismo irracional do medo à morte iminente, cujos   governantes alegremente restringiram direitos, liberdades e garantias para conter a histeria colectiva.

Liberdade Individual e Democracia

A representação simbólica de uma expectativa cognitiva ameaçadora levou os cidadãos a pedirem e aceitarem pacificamente a privação das suas liberdades individuais em troca de uma segurança imaginÔria. O estado de emergência tornara-se no novo paradigma de governação a nível mundial. O estado de excepção constitui espaço indefinido no seio da democracia, ao qual Giorgio Agamben denomina por espaço anónimo, coloca em causa as liberdades e garantias individuais adquiridos na democracia e selados na Constituição da República Portuguesa de 1976[1]. A ampliação do risco na construção da narrativa (verdade) científica nos meios de comunicação social e nas redes sociais impeliu o mundo a acolher com agrado a prisão domiciliÔria, desprovida de qualquer racionalidade crítica científica e devidamente alicerçada na demonstração factual no campo empírico.

A Entrada da CiĆŖncia na Doxa

O que nós observĆ”mos, nos Ćŗltimos longos meses, foi uma argumentação baseada no apelo Ć  emoção de que um perigo iminente, uma catĆ”strofe com milhƵes de mortos, anunciava Jorge Buesco, nos seus modelos matemĆ”ticos por estimativas, na ausĆŖncia total de provas demostradas na experiĆŖncia cientĆ­fica. Na Biologia Celular e Molecular todos souberam rapidamente, que o maldito vĆ­rus da Covid-19 faz parte das (classes de RNAs) sĆ£o macromolĆ©culas biológicas que formam cadeias simples, existentes nas cĆ©lulas eucarióticas comuns a todos os vĆ­rus. AliĆ”s, os humanos sĆ£o uma construção de diversos ā€œRNAsā€ utilizados nos processos celulares, sobretudo na replicação de ā€œDNAā€ responsĆ”veis pela Evolução das EspĆ©cies (1859). Este processo de assimilação de ā€œRNAsā€ Ć© que permitiu a evolução das espĆ©cies cujo enunciado constitui a Teoria da Evolução das EspĆ©cie de Charles Darwin (1859). A Investigadora Maria Mota, da Universidade de Lisboa, deu uma entrevista logo no inĆ­cio da pandemia ao jornal Observador, advogando que, ā€œNĆ£o entrem em pĆ¢nico que este vĆ­rus Ć© relativamente bonzinho.ā€[2] Ā Em pleno SĆ©culo XXl, no topo do conhecimento cientĆ­fico e tecnológico, nas palavras hilariantes de Bernard Henri LĆØvy – Pela primeira vez na História da Humanidade os perdigotos paralisaram a economia mundial! – ā€œA Cegueira colectiva, como no romance de JosĆ© Saramago, no qual uma misteriosa epidemia cega toda uma cidade ā€œ(LĆØvy,2020, p.12)?Ā  A racionalidade cientĆ­fica assume-se no espaƧo pĆŗbico por uma espĆ©cie de religiĆ£o na Covid cujos opositores da narrativa instaurada politicamente sĆ£o ostracizados no espaƧo pĆŗblico e nas redes sociais. O Planeta foi confinado numa espĆ©cie de laboratório cientifico-polĆ­tico radical digno de um filme de horror sobre o ensaio do totalitarismo moderno. No Ano de 2020, no Planeta Terra, os Daimons desembarcam para regular o discurso dos comuns mortais. Portanto, (verdade) absoluta existe e Ć© definida pelos deuses e a desinformação Ć© produto no mundo do vulgo e pertence Ć  (Doxa). Perante a experiĆŖncia vivida no manicómio denominado Planeta Terra – podemos concluir que a obra: o Alienista, o Dr. SimĆ£o Bacamarte Ć© a analogia ideal aos peritos do Infarmed na gestĆ£o da Covid-19. O Dr. SimĆ£o Bacamarte advoga que, ā€œO principal nesta minha obra da Casa Verde Ć© estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenómeno e o remĆ©dio universal. Este Ć© o mistĆ©rio do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviƧo Ć  humanidadeā€ (Assis,2017, p.13).Ā 

Maria João Carvalho

Licenciada em Filosofia, pós graduação em Biologia, mestranda na Faculdade de Economia de Coimbra.

Nota: A autora do artigo de opinião não segue o acordo ortogrÔfico.


[1] https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-aprovacao-constituicao/1976-34520775

[2] https://observador.pt/2020/04/18/nao-entrem-em-panico-virus-e-relativamente-bonzinho-diz-maria-manuel-mota-diretora-do-imm/

O jornalismo independente precisa da sua ajudaĀ >>Ā https://theblindspot.pt/assinaturas/

?????? ? The Blind Spot ??????? ??Ć© ?? ?? ???????? ? ??????, entre outras vantagens, ? ????? ā€œ?????-??: ? ?????? ???????̧?̃?- ??? ?ā€