Nesta data, muitos governantes e parlamentares exultam a liberdade e os āvalores de Abrilā. SĆ£o, na sua grande maioria, executantes, ou cĆŗmplices, do maior ataque Ć liberdade e aos direitos (supostamente) garantidos pela nossa Constituição, durante os ĆŗltimosĀ dois anos.
O facto de se poder considerar um ataque, não decorre de uma fixação ideológica ou de um pensamento utópico que exclui liminarmente qualquer tipo de condicionamento a esses direitos. Existem casos excecionais, em que essas restrições podem ser justificadas.
Foi um ataque porque muitas das medidas aconteceram com base em pressupostos falsos e em pseudociĆŖncia. Foi um ataque porque se ocultaram e manipularam dados para exagerar estatĆsticas e distorcer perceƧƵes. Foi um ataque porque foi ignorada a evidĆŖncia de qualidade e os dados que surgiram de outros paĆses, nomeadamente dos que nĆ£o embarcaram no nosso tipo de medidas.
Foi um ataque porque se desprezaram todos os efeitos catastróficos das restrições impostas. Foi um ataque porque se coagiu à toma de produtos farmacêuticos, que (infelizmente) não correspondem, nem em eficÔcia nem em segurança, aos efeitos prometidos. Foi um ataque porque se usou o medo e a manipulação emocional para tornar quase tudo aceitÔvel.
Foi um ataque porque se violou repetidamente a legalidade e a Constituição, sem que as instituiƧƵes responsĆ”veis por assegurar o seu respeito cumprissem o seu dever. Foi um ataque porque se colocou em causa as fontes de rendimento de muitos, restringiu-se o acesso a serviƧos de saĆŗde, prejudicou-se o desenvolvimento e a educação de crianƧas, sem que existisse um claro fundamento cientĆfico, uma anĆ”lise de custo-benefĆcio ou, muito menos, uma preocupação de avaliar o efeito global do que ia sendo imposto Ć população.
A retórica da solidariedade aos desfavorecidos e o ataque aos mesmos
Os maiores responsÔveis pelas medidas mais penalizadoras para os mais vulnerÔveis são também os que normalmente se proclamam seus representantes e defensores. Ao contrÔrio das suas palavras, as suas ações (ou inações) atingiram essencialmente os mais fracos e que não se podem defender.
Os mais idosos foram sujeitos a confinamento e isolamento compulsivos e a outras medidas desproporcionadas que só agravaram o seu estado de saĆŗde. Alguns passaram os Ćŗltimos meses de vida sem poder contactar com os seus entes queridos. Os relatos de negligĆŖncia e abandono sĆ£o muitos. Apesar da ocultação de relatórios sobre estas situaƧƵes, o que se conhece sugere um quadro de horror (tal como em outros paĆses).
Muitos dos mais precÔrios trabalhadores tiveram o seu ganha-pão comprometido e muitas noites perdidas, a pensar como pagar contas ou pÓr comida na mesa para os filhos. Outros nunca pararam de trabalhar e de sair de casa, até porque alguém tem de manter os serviços ativos para que os privilegiados (em que me incluo) se possam dar ao luxo de trabalhar de casa, encomendar comida ou entreter-se com séries da Netflix. Confinamentos não é coisa de pobres.
TambĆ©m alguns empreendedores e pequenos empresĆ”rios viram dĆ©cadas de trabalho e poupanƧas postas em causa. Felizmente muitos conseguiram adaptar o seu negócio. Mas, muitos outros, foram Ć falĆŖncia e viram o trabalho de uma vida destruĆda.
As crianƧas tiveram o seu normal desenvolvimento comprometido e a sua educação condicionada. Apesar de, desde o inĆcio, parecerem nĆ£o ter um papel importante na transmissĆ£o (pelo contrĆ”rio, serem quase sempre contagiadas pelos adultos) e nĆ£o terem risco significativo de doenƧa grave, foram dos grupos mais prejudicados.
Talvez por nĆ£o terem voz para se defenderem, e por muitos nĆ£o o fazerem por elas, foram alvo de mentiras constantes e ataques abjetos. Desde a disseminação do slogan de que āmatavam os velhinhosā atĆ© Ć imposição de mĆ”scaras durante quase todo o presente ano letivo.
Os resultados (não) estão à vista
E tudo isto seria facilmente desmascarado. A evidência é abundante, apesar das múltiplas tentativas de ocultação.
A tĆtulo de exemplo, na própria SaĆŗde, podemos ver a queda abruta da atividade hospitalar, dos internamentos, das consultas (especialmente presenciais), das urgĆŖncias, dos rastreios, dos transplantes, após o inĆcio da pandemia.
Salvou-se o SNS (?) mas não se salvaram as pessoas.
AlĆ©m da mortalidade Covid ter sido bastante elevada, a mortalidade geral, de longe a mais fiĆ”vel e que inclui os efeitos das medidas, mostra uma realidade sombria. Apesar de sermos dos paĆses com mais medidas restritivas (confinamentos, escolas fechadas, mĆ”scaras, certificados), estamos no topo da mortalidade geral nos dois Ćŗltimos anos da Europa Ocidental.
Pelo contrĆ”rio, paĆses como a Noruega, a SuĆ©cia ou a SuĆƧa, nĆ£o abdicaram de balancear as medidas com a sua evidĆŖncia cientĆfica, os seus efeitos colaterais e os direitos bĆ”sicos dos cidadĆ£os. Todos eles apresentam substancialmente melhores resultados na mortalidade geral (e por Covid).
Mas isso não interessa, porque os bons resultados dos que não seguem as nossas medidas também são varridos para debaixo do tapete noticioso.
E é penoso assistir a entidades (comunicação social, Governo, DGS) continuarem a ouvir pseudoespecialistas a insistir na necessidade de medidas, nunca adotadas ou abandonadas hÔ muitos meses, pelos que tiveram uma muito melhor evolução da pandemia.
Assim se distorce completamente as perceções de um povo e o conduz a aceitar todo o tipo de medidas não fundamentadas, discricionÔrias ou, em alguns casos, totalmente ilegais.
Portugal e o mundo
HĆ” quase meio sĆ©culo, o 25 de Abril, e acontecimentos subsequentes, deram-nos a oportunidade de termos um paĆs democrĆ”tico. Deram-nos tambĆ©m a oportunidade de fazermos um paĆs mais próspero e mais justo. Apesar das conquistas inegĆ”veis e de estarmos num dos cantos do mundo mais privilegiados, hĆ” muito que estamos a perder esse desafio.
Mesmo entre os nossos parceiros europeus, Portugal Ć© dos paĆses mais pobres, mais desiguais, mais corruptos, com maior dependĆŖncia do estado, com maior desequilĆbrio demogrĆ”fico, com um futuro mais incerto.
Tudo isto claro, bem disfarƧado por uma propaganda constante feita por órgĆ£os de comunicação social tambĆ©m eles dependentes do estado de vĆ”rias formas (inclusive por apoio financeiro direto) e por um marasmo polĆtico, em que muitos partidos concorrem muito menos do que aparentam e partilham da generalidade de interesses e de dependĆŖncias.
Mas se muitas dinâmicas nacionais jÔ não são as melhores, os novos ventos internacionais prometem afastarmos ainda mais da sociedade livre e próspera que nos foi prometida.
A captura de instituições internacionais, de praticamente todos os grandes grupos e agências de comunicação social, e até de reguladores, por parte de alguns (poucos) grupos de interesse que, muitas vezes, os financiam, estÔ-nos a conduzir a um modelo social e económico distópico.
Resistir (agora tambƩm) Ʃ preciso
Foram usados exatamente os mesmos instrumentos de outros (ditaduras ou democracias), que abusivamente impõem a perda de direitos e liberdades, com a justificação de uma emergência ou um perigo sistémico.
Infelizmente, mais āemergĆŖnciasā, previsĆveis ou imprevisĆveis, jĆ” estĆ£o previstas, por alguns, para os próximos tempos.
Por isso, se o poder, parece estar capturado por interesses polĆticos ou económicos, alheios ao interesse pĆŗblico, terĆ£o de ser os cidadĆ£os a assegurar os seus direitos.
à fundamental lutar pela liberdade de expressão e pela aberta troca de factos, evidências e opiniões.
Ć fundamental lutar contra o atual clima de intimidação, insulto, censura e ācancelamentosā a todos os que contrariam as narrativas oficiais.
Ć fundamental lutar por uma comunicação social que seja independente (polĆtica e financeiramente), rigorosa e que investigue (e hĆ” tanto para investigar!).
Só assim se podem travar narrativas infundadas que satisfazem interesses particulares e sobrevivem apenas por estarem protegidas das crĆticas e do escrutĆnio.Ā
Só uma população bem informada pode percorrer os caminhos de liberdade que o 25 de Abril abriu.
Só ela pode ser livre. Só ela quer ser livre.