Em primeiro lugar, gostaria de mencionar que o individualismo nĆ£o significa ser egoĆsta. Pelo contrĆ”rio, trata-se da crenƧa de que os indivĆduos tĆŖm liberdade para se associar e cooperar mutuamente, sem qualquer obrigação de o fazer. Estas acƧƵes sĆ£o sempre voluntĆ”rias. Um equĆvoco comum Ć© pensar que o colectivismo Ć© sinónimo de comunidade. No entanto, a comunidade Ć© uma associação voluntĆ”ria de indivĆduos que se unem para ajuda e apoio mĆŗtuos, enquanto o colectivismo Ć© a agregação forƧada de pessoas, muitas vezes sob a ameaƧa de violĆŖncia ou perda, com o objectivo de consolidar o poder nas mĆ£os de uma minoria, geralmente a elite. O individualismo implica assumir a responsabilidade pela própria vida e contribuir para a sociedade nos seus próprios termos.Ā
O colectivismo Ć© o oposto do individualismo e defende que os interesses do indivĆduo devem ser sacrificados pelo bem maior, ou seja, pelo benefĆcio do maior nĆŗmero de pessoas. Basicamente, o colectivismo nĆ£o reconhece o indivĆduo como importante para a sociedade. Na verdade, os seus defensores acreditam que o indivĆduo, especialmente o intelectual, Ć© um inimigo do ābem pĆŗblicoā. A filosofia colectivista Ć© frequentemente expressa em termos como ābem maiorā e āprotecção do pĆŗblicoā. Em situaƧƵes de crise, o governo exige soluƧƵes colectivistas que devem ser aceites sem debate ou anĆ”lise crĆtica por parte de indivĆduos mais ponderados e cautelosos.Ā
AlĆ©m disso, o colectivismo implica uma cultura de dependĆŖncia, conformidade e mediocridade, em troca de uma ilusĆ£o de seguranƧa e estabilidade. Em contraste, o individualismo prioriza a autonomia, a liberdade pessoal, a auto-suficiĆŖncia e a meritocracia. Por exemplo, imagine-se uma pessoa forte, inteligente, Ć”gil e motivada, que consegue caƧar oito coelhos, enquanto outra pessoa, mais fraca, só consegue caƧar dois coelhos. Por que razĆ£o a pessoa mais forte teria de partilhar equitativamente o que caƧou?Ā
Para entender o que Ć© o colectivismo, devemos considerar a seguinte questĆ£o:Ā
O indivĆduo existe para o bem da sociedade, ou a sociedade existe para o bem dos indivĆduos?Ā
Os que aderem ao colectivismo acreditam que o indivĆduo existe para o bem da sociedade. Deste modo, o indivĆduo deve subordinar-se e comportar-se de acordo com o benefĆcio da sociedade, sacrificando os seus interesses privados āegoĆstasā em prol do bem comum.Ā
Ludwig von Mises, economista e historiador austro-americano, afirmou:Ā
āA mentalidade colectivista Ć© fundamental para o comunismo, o fascismo e o socialismo. O bem comum antes do bem individual.āĀ
Para comprovar a minha tese, o individualismo cultural estĆ” fortemente correlacionado com o produto interno bruto (PIB) per capita. As culturas de regiƵes economicamente desenvolvidas, como a AustrĆ”lia, Nova ZelĆ¢ndia, JapĆ£o, Coreia do Sul, AmĆ©rica do Norte e Europa Ocidental, sĆ£o algumas das mais individualistas do mundo ā(Group, 2024)ā ā(Yuriy Gorodnichenko, 2011)ā.Ā
Concluindo, a sociedade Ć© uma construção social, enquanto o indivĆduo Ć© a unidade fundamental do valor moral. Os sistemas polĆticos devem priorizar a autonomia individual, assegurando que as liberdades e direitos pessoais prevaleƧam sobre mandatos colectivos. A verdadeira justiƧa e progresso sĆ£o alcanƧados atravĆ©s do empoderamento do indivĆduo, e nĆ£o pela imposição da vontade colectiva.Ā
āāBibliografiaĀ
āāGroup, W. B. (11 de 9 de 2024). GDP per capita (current US$). Obtido de https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.CDĀ
āYuriy Gorodnichenko, G. R. (2011). Individualism, innovation, and long-run growth. National Library of Medicine, 4. Obtido de https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3271573/pdf/pnas.201101933.pdfĀ