Comparando as notificações de mortes e efeitos adversos da vacina contra a covid-19 com as de todas as outras vacinas juntas desde 1990, o relatório do painel Covid-19 da Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos considera que os números são “alarmantes”. Os dados são do Sistema de Notificação de Reacções Adversas às Vacinas norte-americano (VAERS), que o relatório também critica por ser “insuficiente” e pouco transparente, ao não dar o devido seguimento dos casos reportados, e ter falta de pessoal para analisar a quantidade “inédita” de “notificações graves que foram submetidas, incluindo as de morte”. Apesar de tudo, a Operação Warp Speed, para acelerar o desenvolvimento das vacinas covid, é considerada pela Comissão um “enorme sucesso”.

Em apenas quatro anos, as notificações de reações adversas da vacina contra a covid-19, nos Estados Unidos, são quase o dobro das de todas as outras vacinas desde 1990. As notificações de mortes associadas são três vezes mais.  

No Sistema de Notificação de Reacções Adversas às Vacinas norte-americano (VAERS), até ao dia 30 de Novembro passado, foram submetidos 1.844.839 casos de reacções adversas, dos quais 216.646 obrigaram a hospitalização, 72.161 constituem doenças irreversíveis, e 38.068 resultaram em morte. Das mortes, 9.167 ocorreram no espaço de dois dias após a vacinação. 

Como salienta o relatório do painel Covid-19 da Comissão de Supervisão e Responsabilização da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, estes números tornam-se ainda mais “alarmantes” quando comparados com os efeitos adversos notificados de todas as outras vacinas administradas nos últimos 34 anos – que são significativamente inferiores. 

Apesar de o VAERS estar operacional desde 1990, frisa o documento, tornou-se objecto de controvérsia quando as vacinas covid começaram a chegar ao mercado, entre 2020 e 2021. Neste período, as publicações que, nas redes sociais, chamavam à atenção para os inúmeros efeitos adversos e mortes associadas às vacinas eram alvo de artigos de verificação de factos. No entanto, no espaço de apenas quatro anos, os registos parecem dar razão às vozes de alerta. 

Ainda assim, o relatório ressalva que a Operação Warp Speed foi um “enorme sucesso” e permitiu salvar milhões de vidas. “A Operação Warp Speed foi uma estratégia de 10 mil milhões de dólares desenvolvida e iniciada pela Administração Trump durante os primeiros meses da pandemia de covid-19, destinada a acelerar o desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura, e a ter significativas quantidades disponíveis em Janeiro de 2021”, lê-se no documento. 

“Há poucas dúvidas de que o rápido desenvolvimento e autorização das vacinas contra a covid-19 salvaram milhões de vidas. O NIH [National Institutes of Health] estima que 140.000 vidas americanas tinham sido salvas aquando de Maio de 2021 – dentro de cinco meses após a primeira autorização”. 

Sistema de Notificação de Reacções Adversas às Vacinas (VAERS) tem revelado falhas graves 

Mas o relatório lança também duras críticas ao VAERS, por falta de transparência e por ser “insuficiente”. Uma investigação da conceituada revista científica BMJ concluiu que o sistema “não está a operar como era suposto e há sinais que estão a ser perdidos”. De facto, a BMJ apontou vários problemas ao VAERS, nomeadamente a falta de profissionais para dar vazão ao número “inédito” de notificações durante a campanha de administração das vacinas. Para aquela revista científica, diz o relatório, o número de funcionários do VAERS “provavelmente não foi proporcional às demandas de revisão das notificações graves que foram submetidas, incluindo as notificações de morte”. A BMJ acrescentou ainda que a Pfizer, por exemplo, “tem cerca de mais mil funcionários a tempo inteiro a trabalhar na monitorização da vacina do que os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC)”. 

Igualmente preocupante é acusação lançada aos funcionários do VAERS de serem “inconsistentes” com o seguimento das notificações feitas. A título de exemplo, a publicação científica falou com mais 12 pessoas que notificaram reacções adversas graves e que “nunca foram contactadas, ou foram contactadas meses depois”. 

Toda esta controvérsia, diz o relatório, “levanta questões sobre se o VAERS é um sistema de vigilância suficiente ou eficaz” actualmente. 

De recordar que o VAERS é co-gerido pelo CDC e pela FDA, e consiste numa base de dados que contém milhões de notificações de efeitos adversos após a vacinação, que podem ser submetidas por qualquer pessoa. Deste modo, e uma vez que a notificação é automaticamente publicada, o nexo de causalidade não fica provado. 

Possíveis efeitos adversos neurológicos não chegam às “estatísticas” 

Por outro lado, o relatório concluiu que alguns sintomas adversos importantes, sobretudo do foro neurológico, poderão não estar a ser registados nos sistemas de monitorização actuais, devido à falta de evidências científicas que comprovem uma relação de causalidade.  

A esse respeito, é citado um artigo do New York Times de Maio de 2024, que relata como muitas vítimas de reações adversas à vacina covid sentiram que foram ignoradas. Algumas pessoas, por exemplo, desenvolveram tinnitus (uma condição caracterizada por perda de audição, zumbidos e sensibilidade ao som) depois da vacina. Entre elas, estava o Editor-Chefe da revista científica Vaccines, e um médico que conduziu alguns ensaios clínicos na Universidade de Vanderbilt, no Tennessee. 

No entanto, como ressaltava a Comissária da Food and Drug Administration (FDA) Janet Woodcock, na peça, é difícil estabelecer uma causalidade entre as vacinas e estes sintomas neurológicos porque as definições não estão “bem delineadas”. Mais tarde, na entrevista que deu ao Comité de Supervisão, Woodcock considerou que este obstáculo se deve à dificuldade de colocar de forma inequívoca os sintomas neurológicos dentro de uma categoria de diagnóstico. 

No artigo do New York Times, a Comissária expressava “arrependimento” pela forma como a FDA geriu as lesões causadas pelas vacinas durante a covid. 

Fontes: 

HRPT-118-SSCPReport.pdf 

The Side Effects of Covid Vaccines – The New York Times

Ver também:

Relatório Oficial Covid: Imposição de máscaras foi ineficaz e justificada com “estudos deficientes” – The Blind Spot

Relatório Oficial Covid: Certificados de vacinação não tiveram base científica e causaram enormes danos colaterais – The Blind Spot

Relatório oficial sobre a covid-19 confirma “desinformação” sistemática das autoridades e dos grandes média – The Blind Spot