Não é possível estabelecer uma ligação entre a reabertura das escolas após o confinamento e o aumento do número de infetados Covid-19, de acordo com um estudo da Insights for Education, uma fundação independente sediada em Zurique, que analisou dados de 191 países.
O relatório mostra que 52 dos 191 países incluídos neste estudo optaram por abrir as escolas em agosto e setembro, mesmo após o registo da designada segunda onda de infeção em alguns locais. Em países como França e Espanha, as taxas de infeção aumentaram durante as tradicionais férias de verão. Em Inglaterra e na Hungria, os níveis de infeção caíram após o encerramento das escolas, mas permaneceram igualmente baixos durante as férias. Só com a retoma da escola e do trabalho presencial o número de novos casos começou a subir.
Apesar destes padrões distintos, a análise global dos dados recolhidos destes 52 países não conseguiu estabelecer uma correlação clara entre a abertura das escolas e as taxas de infeção Covid-19, o que levou a Insights for Education a sugerir que outros fatores deveriam ser explorados, como a reabertura das atividades económicas, estratégia de testes, capacidade do sistema nacional de saúde, rastreio de casos, entre outros exemplos.
Randa Grob-Zakhary, fundadora e CEO da Insights for Education, destacou.
“Embora as decisões devam refletir as condições locais, é essencial estudar as evidências para evitar suposições falsas sobre o impacto da abertura e do encerramento das escolas na transmissão do vírus. Supõe-se que a abertura de escolas vai conduzir a mais infeções, e que o encerramento das escolas vai reduzir a transmissão, mas a realidade é muito mais complexa. Temos de aprender com os países que conseguiram reabrir as suas escolas de uma forma eficaz, num contexto de aumento das taxas de infeção.”
Países na segunda onda Covid com escolas fechadas?
O relatório da Insights for Education mostra que quase todos os países (89%) que atravessam atualmente a segunda onda Covid-19 mantêm as escolas abertas.
As estratégias em torno da reabertura das escolas e das políticas de segurança associadas diferem a nível mundial – quarentena de grupo, rastreio de contactos, testes, máscaras, turmas rotativas, modelos de ensino híbridos que combinam ensino à distância com ensino presencial, encerramento temporário da escola, entre outros exemplos.
Com base na ferramenta Back to School Tracking, desenvolvida para apoiar as decisões de reabertura das escolas, o Insights for Education estima que quase metade dos cerca de 1,6 mil milhões de alunos do ensino básico e secundário não voltarão à escola em 2020, a grande maioria (84%) em países mais pobres. 44 dos 191 países incluídos no estudo da Insights for Education ainda não reabriram suas escolas.
Este estudo surge numa altura em que o tema da reabertura das escolas e das políticas de segurança adotadas tem gerado alguma controvérsia, nomeadamente pela associação ao aumento do número de casos positivos e à ideia de que as crianças são fortes transmissoras do vírus.
O estudo recolheu dados de 191 países durante um período de sete meses – de 10 de fevereiro a 29 de setembro.