A Direção-Geral da Saúde (DGS) recomendou o uso de máscara ao ar livre sempre que o distanciamento físico não pode ser garantido, no seu plano da saúde para o período do outono e inverno, mas não fez qualquer referência a algumas regras de utilização das máscaras que são cruciais nesta altura do ano.
A humidade compromete a eficácia das máscaras, independentemente do modelo utilizado – seja devido à chuva, suor, saliva ou à nossa respiração. O aviso foi dado por vários especialistas que alertam para o facto da maioria da população não estar consciente dos riscos envolvidos com uma máscara facial húmida. A própria Organização Mundial de Saúde pede que os governos reforcem as campanhas de prevenção e de aconselhamento, e que as mensagens sobre as regras de utilização sejam claras para o público em geral.
Uma máscara húmida deve ser prontamente trocada e devidamente guardada num local seguro ou colocada no lixo.
“A humidade torna as máscaras porosas e, por isso, todo o tipo de máscaras é vulnerável em tempo húmido. Penso que o público em geral carece de conhecimento ou orientação sobre esta questão“, disse Karol Sikora, ex-membro da OMS, relembrando que “as máscaras com preços mais elevados não têm regras diferentes”.
As máscaras cirúrgicas descartáveis, que muitas pessoas usam, são particularmente suscetíveis ao mau tempo, de acordo com Paul Hunter, especialista em doenças infeciosas e professor de Medicina na Universidade de East Anglia. “São essencialmente feitas de papel.”
“No centro das máscaras está um material específico para reter vírus, mas se ele se molhar, danificar ou deslocar, a máscara torna-se “inútil”.”
Em Espanha, o diretor de Pneumologia do Hospital Príncipe das Astúrias, José Miguel Rodríguez, reforça que é recomendável trocar a máscara a cada quatro horas, quer esteja molhada ou não. “Isto porque com o tempo o material perde eficiência, também devido à humidade produzida pela respiração, o crescimento dos microrganismos é favorecido e a possibilidade de se tornarem fonte de infeção aumenta”.
A OMS atualizou as suas recomendações de utilização das máscaras enquanto mecanismo de prevenção Covid, e sublinhou novamente que a incorreta utilização destes equipamentos pode reduzir a sua eficácia. No mais recente documento de orientação, a OMS reforça que assim que uma máscara ficar húmida deve ser prontamente substituída por uma limpa e seca.
“Uma potencial auto contaminação pode ocorrer se as máscaras médicas não forem mudadas quando molhadas, sujas ou danificadas; ou se forem alvo de frequentes toques/ajustes quando usadas por períodos prolongados”
A organização sublinha ainda que “uma máscara por si só, mesmo quando é utilizada corretamente, é insuficiente para fornecer uma proteção adequada” e que “para qualquer tipo de máscara, a utilização, armazenamento e limpeza ou eliminação adequadas são essenciais para garantir a sua eficácia e evitar um risco de transmissão acrescido”.