“A Covid-19 não aumentou o número de mortes de pessoas mais idosas nos estados Unidos”, e a “percentagem de mortes entre todas as faixas etárias permanecem relativamente as mesmas”, antes e depois da pandemia, de acordo com um relatório da diretora assistente do programa de mestrado em Economia Aplicada de Hopkins. Com base na análise dos dados do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), Genevieve Briand diz mesmo que tanto antes, como depois da Covid, o país já registava entre 50 000 a 70 000 mortes.
“A Covid-19 não só não teve qualquer efeito na percentagem de mortes de pessoas mais velhas, como também não aumentou o número total de mortes”, uma análise que contraria a ideia generalizada que o novo coronavírus está a aumentar as taxas de mortalidade nos países, nomeadamente na faixa etária mais alta.
“A razão pela qual temos um número mais elevado de mortes reportadas na COVID-19 entre indivíduos mais velhos do que entre indivíduos mais jovens é simplesmente porque todos os dias nos EUA os indivíduos mais velhos morrem em maior número do que os indivíduos mais jovens“, disse Briand.
Uma vez que a Covid-19 afeta maioritariamente os idosos, os especialistas esperavam, um aumento da percentagem de mortes nos grupos etários mais velhos. No entanto, os dados do CDC mostram que as percentagens de mortes entre todas as faixas etárias permanecem relativamente as mesmas.
“Esta análise de dados sugere que, ao contrário do que a maioria assume, o número de mortes por Covid-19 não é alarmante. Na realidade, não tem relativamente nenhum efeito sobre as mortes nos Estados Unidos”, diz o artigo publicado.
A investigadora explicou que o impacto da Covid-19 nas mortes registadas neste país apenas pode ser plenamente compreendido através de uma análise global da mortalidade nos Estados Unidos – por grupo etário e por causa de morte – e não apenas pelo estudo das “mortes Covid” (200 000 no período em análise).
Os Estados Unidos da América ocupam o primeiro lugar da lista de países com mais mortes Covid, mas segundo a análise de Genevieve Briand, estes valores são semelhantes aos registados noutros anos. “Em 2018 o padrão de aumento sazonal do número total de mortes resulta do aumento das mortes por todas as causas, sendo as três principais: doenças cardíacas, doenças respiratórias, gripe e pneumonia”, explicou.
Os dados de 2020 mostram que as mortes relacionadas com a Covid-19 excederam as mortes por doença cardíaca, “algo altamente invulgar uma vez que as doenças cardíacas sempre prevaleceram como a principal causa de morte”. A investigadora sublinhou que a comparação entre as causas de morte de 2018 e 2020 mostra que este ano houve uma diminuição significativa das mortes por todas as outras causas.
“Esta tendência é completamente contrária ao padrão observado nos anos anteriores. A diminuição total de mortes por outras causas é quase exatamente igual ao aumento de mortes por Covid-19. Isto sugere que o número de mortes por Covid-19 é enganador.”
De acordo com Briand, as mortes devidas a doenças cardíacas, doenças respiratórias, gripe e pneumonia podem, em vez disso, estar a ser recategorizadas como Covid-19.
À semelhança do que acontece em Portugal e noutros países do mundo, o CDC classifica como “morte Covid” qualquer óbito de uma pessoa infetada com o novo coronavírus, mesmo que existam outras doenças associadas. Incluem igualmente casos suspeitos ou prováveis.
“Tudo isto aponta para a inexistência de provas de que a Covid-19 criou um excesso de mortes. O número total de mortos não está acima do número normal de mortos. Não encontrámos provas em contrário“, concluiu. Na análise desta investigadora, se o número bruto de mortes totais por todas as causas antes e depois da Covid-19 se manteve inalterado, dificilmente se pode dizer, que as mortes por COVID-19 são preocupantes.
De acordo com Briand, o exagero do número de mortos da COVID-19 pode dever-se à ênfase constante nas mortes relacionadas com a COVID-19 e ao facto de se ignorar habitualmente as mortes por outras causas naturais na sociedade.
Este artigo foi inicialmente publicado no The News-Letter de Johns Hopkins no dia 22 de novembro, mas após pressões foi removido por “ter sido usado para suportar imprecisões perigosas que minimizam o impacto da pandemia”. Os administradores do site justificam que a análise de Briand tem de ser contextualizada com outros indicadores fornecidos elo CDC e pela OMS, e que não traduz, por si só, o impacto da Covid-19 nos EUA.
“A alegação de que não existe um excesso de mortes é incorreta e não tem em conta o pico de mortes por todas as causas, em comparação com anos anteriores. De acordo com o CDC, houve quase 300.000 mortes em excesso devido à Covid-19. Além disto, Briand comparou o total de mortes nos EUA com as mortes Covid como percentagem proporcional, o que trivializa as repercussões da pandemia. Esta evidência não refuta a gravidade da Covid-19; um aumento das mortes em excesso não é representado nestas proporcionalidades porque são oferecidas como percentagens, e não como números brutos.”
Ainda assim, o site acabou por disponibilizar posteriormente o artigo noutro endereço.