Os primeiros seis dias de janeiro revelam uma mortalidade superior à dos últimos anos, à exceção de 2017 que registou quase 3000 mortos na primeira semana do ano.
Na altura, este número elevado foi atribuído à gripe e às temperaturas muito baixas. De acordo com dados do INSA, em 2017 (relatório 2016/2017) a gripe foi responsável pela morte de 4472 pessoas e o frio pelo óbito de 839 pessoas. “O excesso de óbitos atingiu o máximo na semana 1 de 2017”.
Este ano, no período em análise, dos 2823 mortos confirmados 471 foram atribuídos à Covid-19. A média de mortes dos últimos 5 anos (2015-2020) para os primeiros seis dias do ano é de 2434 mortes.
Impacto do frio na mortalidade
A DGS alertou esta semana para as baixas temperaturas e sublinhou que, à semelhança do que se verificou em outros anos, é provável que as baixas temperaturas tenham repercussões sobre a mortalidade nos próximos dias, nomeadamente nas pessoas com 65 ou mais anos, pelo que as medidas recomendadas adquirem particular relevo neste grupo etário.
Portugal é dos países onde as mortes mais aumentam no inverno. O Journal of Public Health publicou um ranking de mortalidade no inverno – num grupo de 30 países europeus, Portugal surge em segundo lugar.
Com o frio aumentam os vírus em circulação. Carlos Dias, coordenador do departamento de epidemiologia do Instituto Ricardo Jorge, explicou ao Jornal i que a descida das temperaturas em si contribui para a descompensação de doentes crónicos e idosos, pelo esforço que o corpo tem de fazer para se adaptar ao frio. Há registo de maiores complicações cardiovasculares nesta altura.
“Por outro lado, o ambiente frio é favorável à circulação de mais vírus, mas também à sua propagação, porque a população tende a procurar espaços mais abrigados e fechados, com maior concentração de pessoas.”
Para além disto, cerca de 19% da população portuguesa não tinha à data do inquérito disponibilidade financeira para aquecer a sua casa no Inverno. Os mais recentes dados do Eurostat colocam o nosso país como quinto pior da EU, apenas à frente do Chipre (22 %), Grécia (23 %), Lituânia (28 %) e Bulgária (34 %).