A população que trabalha na área de serviços elementares, de cuidados pessoais e lazer foi a que registou uma maior taxa de mortalidade Covid-19 em 2020, de acordo com um estudo da Office for National Statistics (ONS) que analisou as mortes por ocupação profissional registadas entre 9 de março e 28 de dezembro de 2020 em Inglaterra e no País de Gales. Dos profissionais de saúde, só os auxiliares de enfermagem e os enfermeiros fazem parte do top 10 em termos de taxa de mortalidade. Os professores também não registaram valores estatísticos superiores às taxas observadas na população da mesma idade e sexo.
Estas foram as ocupações com maior taxa de mortalidade para os homens no ano passado (2020)
- Gestores e proprietários de restaurantes e estabelecimentos de restauração (119,3 mortes por 100.000 homens; 26 mortes)
- Trabalho de metais e operadores de máquinas (106,1 mortes por 100.000 homens; 40 mortes)
- Operadores da indústria de processamento alimentar, bebidas e tabaco (103,7 mortes por 100.000 homens; 52 mortes)
- Chefs de cozinha (103,1 mortes por 100.000 homens; 82 mortes)
- Taxistas e motoristas (101,4 mortes por 100.000 homens; 209 mortes)
- Auxiliares de enfermagem e assistentes (87,2 mortes por 100.000 homens; 45 mortes)
- Ocupações elementares de construção (82,1 mortes por 100.000 homens; 70 mortes)
- Enfermeiros (79,1 mortes por 100.000 homens; 47 mortes)
- Ocupações administrativas do governo local (72,1 mortes por 100.000 homens; 23 mortes)
- Condutores de autocarros (70,3 mortes por 100.000 homens; 83 mortes)
Estas foram as ocupações com maior taxa de mortalidade para as mulheres no ano passado (2020)
- Assistentes sociais (32,4 mortes por 100.000 mulheres; 25 mortes)
- Ocupações administrativas do governo nacional (27,9 mortes por 100.000 mulheres; 26 mortes)
- Assistentes de vendas e de venda a retalho (26,9 mortes por 100.000 mulheres; 111 mortes)
- Gestores e diretores no comércio retalhista e grossista (26,7 mortes por 100.000 mulheres, 24 mortes)
- Auxiliares de enfermagem e assistentes (25,3 mortes por 100.000 mulheres; 54 mortes)
- Enfermeiras (24,5 mortes por 100.000 mulheres; 110 mortes)
Profissões elementares
No global, homens com profissões elementares (699 mortes) ou ligadas a cuidados, lazer e serviços (258 mortes) foram os que registaram uma taxa de mortalidade Covid-19 mais elevada, com 66,3 e 64,1 mortes por 100.000 homens, respetivamente. São elas que lideram a tabela que publicamos mais abaixo.
Assistência social
Os homens (79,0 mortes por 100.000 homens; 150 mortes) e as mulheres (35,9 mortes por 100.000 mulheres; 319 mortes) que trabalham na área da assistência social (cuidadores) registaram uma taxa de mortalidade Covid-19 significativamente mais elevada quando comparada com a taxa registada na restante população com a mesma idade e sexo. Quase três em cada quatro mortes Covid-19 foram de cuidadores (residenciais e externos) – 107 homens e 240 mulheres.
Saúde
Entre os profissionais de saúde, os auxiliares de enfermagem e enfermeiros são os mais afetados pela pandemia em termos de número de mortes Covid-19, nomeadamente nas mulheres. No total de mortes por todas as causas, e face à média dos últimos 5 anos, morreram mais 84 auxiliares de enfermagem (45 de Covid-19) e 36 enfermeiros (47 de Covid-19) do sexo masculino. Nas mulheres, morreram mais 104 auxiliares de enfermagem (54 de Covid-19) e 139 enfermeiras (110 de Covid-19).
No mesmo período, foi registado o óbito de mais 20 médicos face à média dos últimos 5 anos, mas um total de 30 mortes Covid-19 em 2020. Nas mulheres, o estudo contabiliza mais 12 mortes por todas as causas face a 2015/2019, 5 delas registadas como Covid-19.
Professores
Houve 139 mortes Covid-19 em profissionais do ensino e da educação com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos, registadas entre 9 de Março e 28 de Dezembro de 2020 em Inglaterra e no País de Gales.
“Para ambos os sexos, as taxas de mortalidade deste grupo foram, em termos estatísticos, significativamente inferiores à taxa de mortalidade Covid entre a população da mesma idade e sexo.”
Em termos específicos, o estudo indica que “só foi possível calcular uma taxa fiável para os profissionais do ensino secundário, que representaram 37,4% do número total de mortes entre todos os profissionais do ensino e da educação (52 mortes)”.
“Verificámos que as taxas de mortalidade Covid-19 em todas as profissões docentes e educativas não foram estatisticamente significativamente diferentes das taxas observadas nas restantes profissões, em ambos os sexos.”
Vale a pena lembrar que as escolas, à semelhança de outras atividades, estiveram encerradas durante um período de tempo no seguimento das políticas de confinamento impostas no país.
“A análise mostra que os empregos com exposição regular à Covid-19 e os que trabalham nas proximidades de outros continuam a ter taxas de mortalidade mais elevadas quando comparados com o resto da população em idade ativa. Os homens continuam a ter taxas de mortalidade mais elevadas do que as mulheres, constituindo quase dois terços destas mortes”, diz Ben Humberstone, Head of Health Analysis and Life Events.
O estudo teve por base 7.961 mortes registada como Covid-19 (população em idade ativa – 20 e 64 anos). O estudo ressalva que “a análise não prova conclusivamente que as taxas de mortalidade observadas envolvendo a Covid-19 sejam necessariamente causadas por diferenças na exposição profissional; ajustámos (as taxas) à idade, mas não a outros fatores como o grupo étnico e o local de residência”.
Pode consultar a tabela completa de mortes por ocupação aqui
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