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Pirâmide da evidência científica: porque a qualidade da evidência é importante

Uma das questões mais importantes na interpretação de diferentes estudos científicos é o grau de evidência que cada um representa. A pirâmide da evidência científica é uma ótima representação do seu nível de qualidade partindo do mais baixo, pouco fiável, até ao mais elevado, bastante sustentado. Por isso é fundamental saber a que nível está a evidência científica que consideramos.

A generalidade das pirâmides de evidência apresenta os seguintes níveis.

Nível 1-Editoriais e opinião de peritos  

Este tipo de evidências podem ser uma boa base de informação. Apesar de dever ser baseado em níveis mais elevados de evidência, tem em conta a opinião e a experiência profissional de quem a transmite.

No entanto, só por si é o nível mais baixo de evidência pois não resulta sequer de uma publicação académica ou de outro processo com revisão por pares. Está portanto muito sujeito a vieses de vária ordem. 

Nível 2- Estudos de caso

Este nível representa o primeiro estágio de teste de uma observação. Os estudos de caso geralmente incluem apenas alguns participantes que recebem intervenção e acompanhamento semelhantes. 

Por norma não são randomizados (seleção aleatória de participantes) nem controlados (no que diz respeito às variáveis).

Nível 3- Estudos de caso-controlo

Os estudos de caso-controlo são semelhantes aos estudos de caso mas comparam dois grupos. Um dos grupos apresenta uma dada variável de interesse (por exemplo doença), o outro grupo não (grupo de controlo). 

Tentam-se identificar variáveis (independentes) que poderão estar associadas a essa diferença.  Recorre-se muitas vezes a memórias e registos anteriores para encontrar esses fatores, o que introduz algumas limitações e vieses.

Nível 4- Estudos de coorte (ou longitudinais)

Estes estudos já seguem um grande grupo de pessoas por um longo período de tempo. Examinam de que forma alguns fatores influenciam os resultados desse grupo e comparam-no com um segundo grupo que não é sujeito a esses fatores.

São estudos observacionais e, como tal, apesar de poderem encontrar correlações importantes, dificilmente encontram evidências de causalidade. Estão sujeitos a vários vieses, relacionados com a ausência de aleatoriedade dos participantes e incapacidade de controlo das variáveis.

Nível 5- Estudos randomizados e controlados (RCT) 

Este nível corresponde ao verdadeiro projeto experimental. Para eliminar os vieses, os participantes são distribuídos aleatoriamente (randomização) por dois ou mais grupos designados por técnicas especiais. Apenas um dos grupos recebe a intervenção em investigação, o(s) outro (s) não. Recebe(m) um placebo ou uma intervenção padrão.

Os vieses são significativamente mitigados e existe um grande controlo das variáveis em estudo. Apenas desta forma se consegue determinar, não só a associação de fatores, mas possíveis ações de causalidade. 

Nível 6-  revisões sistemáticas e meta-análises 

As revisões sistemáticas juntam a investigação de maior qualidade sobre um dado tema, tipicamente proveniente de estudos randomizados e controlados. Devem envolver um conjunto de procedimentos pré definidos e  detalhados  de forma a minimizar todo o tipo de vieses.

Quando possível, incluem meta-análises, uma técnica estatística que permite integrar o efeito de intervenções de vários estudos. 

Procurar a melhor evidência disponível

A confusão entre esses níveis leva a muitos equívocos. Muitas vezes, evidência fraca é percepcionada como sendo muito forte ou até incontestável. Pelo contrário, a mais forte não é muitas vezes conhecida nem acessível para todos.

Mesmo que não conheçamos em detalhe os vários níveis, é importante a visualização da pirâmide da evidência para termos uma ideia do que representam e especialmente da sua hierarquia.

Para aceder às melhores evidências científicas consulte, por exemplo, a cochrane library.

Referências:

Kristen St. John, James Madison University and Karen McNeal, Auburn University. One Approach for Characterizing the Strength of Evidence of Geoscience Education Research (GER) Community Claims. The Strength of Evidence Pyramid

Levels of evidence. Evidence Based Practice Toolkit. Winona State University

Oxford Centre for Evidence-Based Medicine 2011 Levels of Evidence

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