A generalidade das revisões sistemáticas que incluem RCTs (estudos de qualidade máxima) apontam para reduzido ou nenhum efeito na contenção das doenças respiratórias. O único RCT realizado com máscara de pano (trabalhadores da área de saúde) sugeriu a possibilidade de aumentar a propagação.
A própria OMS publicou em 2019 uma revisão sistemática, em que incluiu 10 RCTs, e que reforçou a ideia de não serem detetados “efeitos significativos”.
Figura 1, 2 (tabelas 7 e 8)- OMS. Medidas de saúde pública não farmacêuticas para mitigar o risco e o impacto de epidemias e pandemias de gripe. 2019.
RCTs publicados durante a pandemia
O RCT publicado até ao momento que incidiu sobre o SARS-CoV-2, não conseguiu encontrar diferenças estatisticamente relevantes entre os grupos de máscaras (cirúrgicas de alta qualidade) e de controlo.
“Os nossos resultados sugerem que a recomendação de usar máscara cirúrgica fora de casa, entre outras pessoas, não reduziu, em níveis convencionais de significância estatística, a incidência de infeção por SARS-CoV-2 em utilizadores de máscara num ambiente onde o distanciamento social e outras condições de saúde pública foram praticadas…”
A atualização da revisão sistemática da Cochrane (influenza), feita com base em estudos anteriores à pandemia, também concluiu que usar máscara faz pouca ou nenhuma diferença.
“Os resultados combinados de estudos randomizados não mostraram uma redução clara na infeção viral respiratória com o uso de máscaras médicas/ cirúrgicas durante a gripe sazonal.”
Vários estudos de baixa ou média qualidade (fiabilidade) apresentam resultados (correlações) inconsistentes ou contraditórios.
Posição OMS
Declaração OMS (Dezembro 2020):
“No momento, há apenas evidências científicas limitadas e inconsistentes para apoiar a eficácia do uso de máscaras por pessoas saudáveis na comunidade para prevenir a infeção por vírus respiratórios, incluindo SARS-CoV-2.“ OMS. Uso de máscaras no contexto da Covid-19. Guia interino. Dezembro, 2020.
“Há uma qualidade geral moderada de evidência de que as máscaras faciais não têm um efeito substancial na transmissão do vírus influenza.” – OMS. Medidas de saúde pública não farmacêuticas para mitigar o risco e o impacto de epidemias e pandemias de gripe- qualidade da evidência. Pág. 26, Janeiro 2021.
Recomendação OMS
A OMS, apesar de reconhecer “que não há evidência de que é eficaz na redução da transmissão” afirma existir “plausibilidade mecânica para uma potencial efetividade”.
Assim, recomenda o uso em pessoas sem sintomas em epidemias/pandemias severas. Essa recomendação leva em consideração o facto de a organização considerar que “não se antecipam danos significativos” desta medida.