Mais de 22 milhões de crianças faltaram às vacinas de sarampo durante a pandemia, causando o maior aumento de casos em 20 anos.
No decorrer da pandemia, milhões de crianças ficaram por ser vacinadas contra o sarampo, uma das doenças infeciosas mais contagiosas, podendo provocar doença grave, em pessoas não vacinadas.
A pandemia de Covid-19 influenciou os programas de vacinação de rotina e afetou os esforços de recuperação, deixando as comunidades vulneráveis.
Segundo a UNICEF e a OMS, citados pelo Telegraph, mais de 22 milhões de crianças faltaram às vacinas de sarampo durante a pandemia, o que causou o maior aumento de casos identificados da doença, em duas décadas.
Isso significa que faltaram mais de três milhões de crianças do que em 2019, podendo desenvolver “condições perigosas” para os grandes surtos, de acordo a OMS e os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, mencionados pelo Telegraph.
Os casos de sarampo já estavam a aumentar antes da Covid-19, após décadas de progresso, devido às fracas taxas globais de vacinação ligadas à hesitação vacinal, aos fracos sistemas de saúde e à falta de acesso à vacina.
Aumento de casos de sarampo
As mortes por sarampo aumentaram globalmente em 50% nos três anos entre 2016 e 2019, quando 207.500 pessoas morreram de sarampo. Em 2020 a tendência inverteu-se, e estima-se que 60.700 pessoas tenham morrido.
Em comparação com o ano anterior, os casos comunicados de sarampo diminuíram mais de 80% em 2020.
A vacina contra o sarampo tem duas doses, e enquanto 84% das crianças receberam uma primeira dose no ano passado (contra 86% em 2019), apenas 70% (contra 71% em 2019) tiveram ambas as doses. Os números apresentados estão muito abaixo dos 95% necessários para proteger as comunidades, o que tem gerado surtos a nível mundial.
As campanhas de vacinação também foram afetadas, sendo que segundo as entidades, foram preparadas 24 campanhas e 23 foram adiadas.
Além de causar a morte de crianças, as complicações com sarampo também podem causar cegueira, pneumonia, diarreia grave e desidratação, e encefalite, uma infeção que causa inchaço cerebral. O sarampo grave é mais provável entre as crianças pequenas malnutridas, ou naquelas com sistemas imunitários fracos.
Portugal e surto de sarampo
Em 2016, tendo em conta os dados do Serviço Nacional de Saúde, Portugal recebeu da OMS um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos haviam sido contraídos em outros países.
Portugal teve dois surtos simultâneos em 2017, que infetaram quase 30 pessoas e levaram à morte de uma jovem de 17 anos.
Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.