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Long Covid em crianças e jovens: a maioria dos sintomas são semelhantes a quem não teve a doença

Uma revisão sistemática de estudos, revelou que a frequência da maioria dos sintomas persistentes após infeção por SARS-CoV-2, em crianças e jovens, foi semelhante aos não infetados (grupo de controlo). Em alguns sintomas, foram detetados aumentos pequenos, mas estatisticamente significativos.

Nesta revisão sistemática sobre sintomas persistentes após infeção SARS-CoV-2 em jovens e crianças, foram incluídos estudos com grupo de controlo e outros sem grupo de controlo. O objetivo foi estimar a prevalência desses sintomas em pessoas previamente infetadas em comparação com as não infetadas (grupo de controlo).

Comparação entre o grupo de “caso Covid” com o grupo de controlo (não Covid)

A frequência da maioria dos sintomas persistentes reportados foi semelhante em casos confirmados de infeção e no grupo de controlo.

Em sintomas associados com a Long-covid, como a dor abdominal, a tosse, a fadiga, a mialgia (dores musculares), a insónia, a diarreia, a febre, as tonturas ou a dispneia (falta de ar), não foram encontradas qualquer diferenças.

Por outro lado, em alguns sintomas foram identificados aumentos pequenos a residuais, mas estatisticamente significativos. Na perda de olfato foi onde se registou uma maior diferença (8%), seguida da dor de cabeça (5%), de dificuldades cognitivas (3%), da garganta inflamada (2%) e de olhos doridos (2%).

Prevalência de sintomas em todos os estudos (com e sem grupo de controlo)

Entre os estudos incluídos na meta-análise (cinco com grupo de controlo e 12 sem grupo de controlo) a prevalência de sintomas pós-Covid variou entre os 15% (diarreia) e 47% (fadiga).

A idade foi associada com maior prevalência de todos os sintomas, exceto tosse. A maior qualidade do estudo foi associada com a menor prevalência de todos os sintomas, exceto perda de olfato e sintomas cognitivos.

Qualidade geral dos estudos sobre Long-covid

Os autores salientam que a maioria dos estudos incluídos eram de má qualidade, predominantemente sem grupo de controlo e retrospetivos, e abertos ao viés de seleção.

 Apresentam igualmente razões para a reduzida fiabilidade de muitos desses estudos:

“Há uma série de razões pelas quais os sintomas relatados em muitos destes estudos podem não ser específicos da SARS-CoV-2, incluindo a alta prevalência de sintomas somáticos, tais como fadiga e dor de cabeça em crianças e jovens saudáveis, a sobreposição de sintomas como fadiga, concentração e dor de cabeça, com sintomas de saúde mental (que subiram durante a pandemia) e potencial viés de atribuição.”

Conclusões dos autores

Alguma evidência (dois grandes estudos controlados) apontam para que 5 a 14% dos infetados possam ter múltiplos sintomas persistentes de quatro semanas ou mais após infeção aguda. No entanto, a maioria dos 14 sintomas mais frequentemente relatados igualmente comuns nos infetados do que nos não infetados. 

Estes resultados sugerem que os sintomas persistentes possam ocorrer, “mas a prevalência é muito menor do que o sugerido por muitos estudos descontrolados de baixa qualidade”.

O facto de a (maior) qualidade do estudo, o recrutamento comunitário e o diagnóstico confirmado por testes de infeção estarem, forte e consistentemente, associados à menor prevalência de long-covid, “destaca a importância da qualidade científica na investigação de fenómenos emergentes, como as síndromes pós-Covid”.

É destacada, em particular, a importância crítica de existir um grupo de controlo neste tipo de estudos.

Leia também “Long-covid” associado essencialmente a crenças de infeção.

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