O Conselho Federal de Medicina (CFM), responsável pela fiscalização técnica e ética da medicina no Brasil, emitiu um parecer a defender o fim da recomendação (e obrigatoriedade) de máscaras na comunidade. Dada a evidência existente, sobre eficácia e riscos, conclui que não devem ser impostas apenas por motivos ideológicos.
Num óficio, assinado pelo seu presidente, José Gallo, e dirigido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o CFM faz uma revisão de estudos disponíveis sobre a utilização de máscaras na comunidade.
A revisão inclui vários estudos que sugerem que são benéficas. No entanto, na sua análise são detetadas várias falhas.
Muitos estudos são baseados em modelos matemáticos e os seus pressupostos já assumem que funcionam, pelo que as suas conclusões são “redundantes”.
Depois, existem investigações com “metodologia, análises estatísticas inadequadas, pressupostos questionáveis, vieses de observação e fatores de confusão, sendo que todos
reconheceram que as evidências são insuficientes para o benefício da máscara.”
Evidência de qualidade sobre máscaras
Em contraste, a evidência que não revela benefícios decorre de estudos de maior qualidade, especialmente de Estudos Controlados e Randomizados (RCTs) e de revisões sistemáticas com RCTs.
É salientada a última atualização sobre máscaras da instituição mais conceituada na revisão de evidência na área da medicina, a Cochrane.
Essa revisão, que já inclui os estudos de maior qualidade sobre o SARS-CoV-2, aponta, tal como as anteriores, no sentido de fazerem muito pouca ou nenhuma diferença, mesmo as de melhor qualidade (respiradores N95).
Baseado na evidencia disponível, o CFM concluí igualmente que “existem motivos para que se suspeite que as máscaras de pano podem não apenas oferecer menos proteção do que as hospitalares, mas talvez até cheguem a oferecer riscos maiores do que os de não usar qualquer equipamento facial”.
São igualmente apontados outros riscos como: a escassez nos serviços de saúde ou prejuízos ambientais.
Conclusões do CFM
O CFM salienta que, na ausência de evidência e até risco de saúde, o uso de máscaras não pode ser uma imposição ideológica ou comportamental:
“O uso de máscaras como sinalização de virtude ou como medida de sensação de pertencimento social jamais podem ser impostas a pessoas que não compartilham de tais ideologias ou comportamentos, …”
Conclui que, ao contrário do “contexto de profissionais de saúde em ambientes hospitalares usando equipamentos de alto nível”, não existe qualquer justificação “científica para a recomendação ou obrigatoriedade do uso de máscaras pela população em geral como política pública de combate à pandemia da Covid-19”.
Leia o documento na Integra: https://theblindspot.pt/wp-content/uploads/2023/02/SEI_0081467_Oficio_539-ANVISA.pdf
Ver também:
Estudo Catalunha: Mandatos de máscaras nas escolas foram ineficazes
Ministro alemão usa 13 estudos de baixa evidência para defender uso de máscaras