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Anthony Sutton, o coletivismo e o excedente comportamental

«Quem não sabe história está condenado a repeti-la». Mais vassala ou menos vassala, mais aliada ou menos aliada, parece-me que o fim da Europa é exatamente o mesmo – a concretização da Agenda 21 assinada nos idos anos de 1992. Aliás, o fim da Europa e todos os cento e noventa e dois Estados que assinaram este documento da ONU. Só assim se compreende os resultados da investigação de Anthony Sutton que, para quem não sabe, é um dos grandes especialistas sobre as origens da União Soviética. Só a longo prazo se compreende os acontecimentos, alguns trágicos, ocorridos no século XX, assim como a prospetiva futura que emerge no contexto global.

Da recentíssima visita realizada pelo Presidente francês à China terá resultado uma declaração sobre a reformulação do estatuto europeu face aos Estados Unidos da América – mais aliada e menos vassala (qualquer coisa deste género ou parecida, se não me falha a memória). Se recordo hoje aquela visita deve-se à necessidade, cada vez mais premente, de se compreender o nosso contexto atual porque a ignorância e a indiferença pagam-se caro.                   .

Aliás, à Porta do Inferno estão os indiferentes. Mas será que estar neste lugar do nada, no canto III da Divina Comédia (uma surpresa como ainda não se lembraram de cancelar tamanha ousada prosa de Dante!!!), poderá, ainda assim. Vamos ver. Relembremos que no alto dessa porta surgem escritas os versos seguintes “Por mim se vai à cidade/ dolente,/ por mim se vai à eterna dor,/ por mim se vai à perdida gente./ Justiça moveu o meu alto/ Criador, / Que me fez com o divino/ Poder,/ Deixai toda esperança, Vós/ Que entrais!”. Virgílio, compreendendo a hesitação, aconselha Dante a entrar, porque não havia problema algum já que ele ainda vivia e era dono do seu livre-arbítrio, ao contrário daqueles que tinham passado o limiar daquele portal. Posto isto, quem sou eu para afirmar o contrário de Virgílio? Ninguém. Pois, por tal motivo, hoje é motivo de levantar algumas lebres, perdão, perguntas, e começar a deixar a indiferença de lado.

Vejamos. Então agora temos de deixar de ser menos vassalos? Hum … curioso. Porque, sabe quem é Sutton? Anthony Sutton foi aquele investigador britânico, naturalizado depois norte americano, que se interessou pela economia e pelas finanças internacionais. Mas foi mais longe ao estudar a natureza do financiamento que a revolução bolchevique canalizou, assim como o outro financiamento da revolução nazi. E o que concluiu? Observou o mundo a partir de uma perspetiva global onde os interesses financeiros e económicos se sobrepunham, já na altura, às clivagens ideológicas. E viu como no início dos anos vinte já havia evidências das ligações entre alguns banqueiros internacionais nova-iorquinos e muitos grupos de revolucionários, de entre os quais o grupo dos bolcheviques. Qual o propósito? É simples, tratava-se apenas da maximização dos interesses através do lucro, evitando uma economia de mercado livre e competitivo, e apoiando um novo regime para o manipular em seu proveito particular. O objetivo era destruir o império russo enquanto um agente competidor e capturar o novo regime político, obtendo vantagens na exploração de recursos para alguns grupos financeiros e corporativos. O leitor menos indiferente poderá ainda pesquisar quem foi Trotsky, qual o seu papel na revolução de 1917, quem foram os seus familiares, para onde emigraram, e assim por aí adiante (voltaremos a este assunto em breve).

Para além da Rússia bolchevique, o que dizer da Alemanha nazi? O mesmo. Semelhantes interesses, financeiros e corporativos (há quem fale até de uma espécie de corporativismo como o «corporativismo socialista»), interessaram-se por Hitler e pelo monopólio na aquisição de riqueza, subtraí-la do mercado livre, e desenvolvendo um outro fim (um sussurro, naquele tempo, ao contrário de hoje) – o coletivismo.

Uma revolução cultural em curso: a descoberta do excedente comportamental

Não é fácil ter a iniciativa para ler a obra de Sutton. Primeiro, pelo facto de ser um investigador proscrito devido à acusação de falta de evidência científica. Segundo, porque as suas conclusões criavam um conflito cognitivo no seio da investigação ocidental, mais de natureza ideológica, até em virtude do contexto de Guerra Fria. Li quase tudo, também os detratores e outros que seguiram a sua linha de investigação. Decida o leitor, mas eu aconselho. Recuse a censura e o index, qualquer que ele possa vir a ser, pois o contrário significa aceitarmos ser transformados em adolescentes imbecis e imaturos e, talvez por isso, incapazes de espírito analítico e crítico.

Mas aquela descoberta fez-me ganhar um nível de análise e ir à procura das raízes verdadeiras do coletivismo e da apropriação dos bens por alguns. Dir-se-á que vivemos em tempos de decadência e assistimos ao declínio do ocidente e à grande degeneração. Sim, penso que sim, e, inspirada em Asterix poderia mesmo dizer que “Estes ocidentais estão loucos!”. Mas, ao contrário de Abracourcix, não me escondo do céu por pensar que ele pode cair. Pelo contrário. Vou à procura dele e vou conhecê-lo para tirar as coisas a limpo. Até que um amigo me apresentou Shoshana Zuboff.

Ora bem, esta socióloga escreveu um dia «Cada produto inteligente repete as nossas perguntas essenciais: O que sabe um produto inteligente e a quem o conta? Quem sabe? Quem decide? Quem decide quem decide? Proliferam os exemplos de produtos determinados a renderizar, monitorizar, gravar e comunicar os dados comportamentais, desde garrafas de vodca inteligentes até termómetros retais ligados à internet, e literalmente tudo entre estes extremos.” Assim como, quais animais, expostos a escovas de dentes inteligentes, canecas de café inteligentes, lâmpadas inteligentes…. Medicamentos inteligentes, para quando?

E aqueles dados aglomerados do comportamento humano, fornecidos num fluxo contínuo e a partir de todo o tipo de objetos inteligentes, são a nova matéria-prima do capitalismo da vigilância. Ou seja, esta matéria-prima somos nós. Mas podemos ir mais longe se compreendermos que eles fornecem a justa medida para um novo tipo de renderização, sem fim temporal, na medida em que todo o tipo de experiência pode ser transformada em dado. E, uma vez mais, quem vai analisar os dados? A quem pertencem? Quem decide? Para que fim servem?

Uma revolução cultural em curso: a agenda 21 e o coletivismo

Se recordarmos que, a par desta renderização de novos dados do comportamento humano, constatamos a diminuição do coeficiente intelectual em várias zonas do globo, pela primeira vez desde finais do século XX, o que concluímos? Tanto que é impossível escrever tudo por aqui. Mas deixo duas constatações acerca do nosso futuro próximo já em 2030.

A primeira está relacionada com a agenda 2030. E a pergunta que aqui coloco, ainda sem resposta, é a seguinte: e se a agenda 2030 serve o propósito da renderização de tudo o que existe na Terra em termos que ainda não conhecemos? Uma vez mais convém conhecer a história recente. Assumindo-se as alterações climáticas de que se fala, dizem-nos que é fundamental dar os passos para um novo grande «reset» da humanidade. Ora penso que a agenda 2030 não é mais do que a Agenda 21 assinada por 179 Estados membros da ONU em 1992, um plano de ação global com cerca de trezentas páginas, e fundado em três pilares fundamentais como a «economia», a «ecologia» e a «equidade».

Apoiada por todos os países ocidentais, a Agenda 21 terá sido transformada na Agenda 2030, tendo-se acrescentado os detalhes sobre a sua execução e ainda novos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). Em profundidade e muito resumidamente, desde 1992 que foi delineado como objetivo a inventariação e a elaboração de um plano de controlo de todos os bens do planeta Terra – como animais, plantas, terra, água, minerais. Assim como a inventariação de todas as construções, meios de produção, alimentos, fontes de energia, informação e seres humanos. Uma pergunta importa desde já fazer: parece-lhe que isto significa desenvolvimento sustentável? Significa isto o reciclar, a criação de energia e de recursos sustentáveis para toda a humanidade? É que, de facto, a mim parece-me mais o desenvolvimento em curso de um Estado totalitário (dirigido por quem, eu também ainda não sei, mas gostava de saber, apesar de imaginar …) com o objetivo de coletivizar os bens e subtraindo-os do mercado livre. Mas, quem decide? Quem vai regular o acesso aos bens? Quem gera os bens?

A segunda está relacionada com uma sucessão de novas «agendas» emergentes desde 2030 e sobre as quais era quase o silêncio que inundava o espaço público. Primeiro foi a agenda da saúde, depois foi a da guerra, logo depois a financeira …. Agora são todas em simultâneo, e ainda a agenda da água. A propósito, parece que ouvi dizer há pouco que a água já não é um direito humano. E parece que também a agenda da propriedade privada está em revolução – alguém terá sugerido, recentemente, que os Estados têm de expropriar terras para promover a produção de novas energias. Já agora, e por falar do cérebro, já ouviu falar da internet-of-bodies?

Em suma, se não tivéssemos lido Anthony Sutton, era menos fácil compreender que o projeto de coletivização, promovido por um certo corporativismo socialista (a explorar noutro artigo), tem as suas raízes em finais do século XIX e em inícios do século XX.

Em suma, existem dados disponíveis que nos permitem compreender os contornos finais do inventário e do plano de controlo iniciados em 1992, no seio da ONU: a deslocação de populações para centros urbanos hiperconcentrados; a libertação de áreas rurais, controladas centralmente e sincronizadas em todo o mundo; a renderização, para alguém, dos bens da Terra; por último, a mudança do comportamento humano sem que este seja tido nem achado. Tudo concorre para fazer da democracia e do Estado soberano dois paradigmas obsoletos e, em contrapartida, fazer do governo mundial único a solução final da humanidade.

Então, resta-nos perguntar, se acaso ainda nos autorizarem: que direito ao futuro, com a agenda 2030? Se a água já não é um direito humano, por acaso já ouviu falar do projeto Hexa-X – o projeto 6G da União Europeia? Ora aqui está uma boa oportunidade para deixar de estar parado à Porta do Inferno, assim como que numa de indiferença. Aproveite enquanto tem livre-arbítrio e … ala que se faz tarde, como diz o povo. Procure, investigue. Mas investigue mesmo, pela sua saúde.

 “Ao desafiar o horizonte de amanhã eu vejo uma fronteira ilimitada que aguarda ser explorada. Acredito que as descobertas mais brilhantes aguardam o desconhecido. Assim como as nossas melhores histórias ainda não foram contadas, também as nossas melhores viagens não foram trilhadas. A aventura humana apenas começou. O espírito humano é ainda jovem enquanto o Sol se levanta.”. Com estas palavras termino, em pensamento livre porque a censura regressou. Terá, alguma vez, deixado de existir? “Quem não sabe história está condenado a repeti-la.”.

Mónica Rodrigues

Especialista em Geopolítica e Geoestratégia. Licenciada em História (FCSH-UN) e com um DEA em Geopolitique (Universidade de Paris). Curso Segurança Internacional (NATO/UKiel, Alemanha). Auditora do Curso de Defesa Nacional (IDN/2002). Diretora da Revista Cidadania e Defesa (AACDN). Membro da SEDES (SEDES-Setúbal). Foi professora assistente de Geopolitica/Geoestrategia e Segurança e Defesa Nacional (ULusíada).

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