O presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considera que, com honrosas exceções, os jornalistas ignoram os códigos éticos formais e informais e são “manipulado por interesses económicos, políticos e outros”. Henrique Araújo, critica igualmente a proliferação de “notícias deliberadamente falsas, imprecisas ou descontextualizadas” com objetivos obscuros.
Na passada terça-feira, segundo apurou a Agência Lusa, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) alertou para a ameaça a “uma comunicação social livre e independente” que representa o haver órgãos na posse de “poderosos grupos económicos” que os usam em defesa de interesses próprios.
O juiz conselheiro Henrique Araújo afirmou:
“Todos sabemos que poderosos grupos económicos adquirem empresas de comunicação social para, através delas, influenciarem a opinião pública e levarem por diante os seus interesses. Com essa estratégia, conseguem escolher-se os temas de discussão pública através de notícias editadas no tempo e com o destaque que melhor sirva esses interesses, sem qualquer preocupação quanto ao cumprimento dos deveres profissionais do jornalismo.”
No Salão Nobre do tribunal, o presidente do STJ realizou uma conferência sobre os tribunais e a comunicação social, organizada pelo Círculo Cultural do STJ na passada terça feira.
“Com exceção de alguns jornalistas sérios e independentes, comprometidos com a verdade e com o esclarecimento das populações, hoje gravita na área da comunicação social uma série de profissionais da informação que manda às malvas os códigos éticos formais e informais e se deixa manipular por interesses económicos, políticos e outros”, criticou.
De acordo com Henrique Araújo, proliferam nos media, tradicionais e digitais, “notícias deliberadamente falsas, imprecisas ou descontextualizadas, com objetivos esconsos”, sendo este um “estado de coisas” sobre o qual os tribunais tem uma “noção exata”, justificando com isto a ideia de que a disponibilização da informação pedida aos tribunais pelos media “tenha de ser feita com cuidados redobrados, o que muitas vezes não se compatibiliza com a urgência que geralmente é solicitada”.