Os ataques que o novo Twitter e Ellon Musk têm sofrido desde que a rede social mudou de rumo têm sido inúmeros. A mais recente newsletter de João Pedro Pereira para o Publico é mais um exemplo. Nem tanto pelas críticas (algumas até podem ser legitimas), mas por exigirem um padrão de conduta que, quer o autor quer o jornal, nunca impuseram a eles próprios. Pelo contrário, o Publico é um dos maiores exemplos de incentivo à censura e à promoção de pessoas com gravíssimos conflitos de interesse.
Nesta crónica, Musk é criticado por ceder à censura na Turquia. Nem vale a pena entrar na discussão sobre o autor e os seus argumentos, por mais rebuscados que alguns possam parecer, até porque todas as opiniões devem ser respeitadas e Musk (como outros) deve estar sujeito a forte escrutínio.
A questão é que ele é acusado de ter cedido às pressões censórias na Turquia e sugerido que as suas ações acontecem devido a conflitos de interesse.
Ou seja, são apontados estes “pecados” num dos media que mais os tem cometido. Ou a censura que o jornal Publico e o João Pedro Pereira voluntariamente não rejeitam é a censura boa? E a aplicada pelo Twitter, cedendo às pressões, enquanto aguarda o desfecho legal do caso, a censura má?
O que disseram quando o caso Hunter Biden foi censurado? O disseram quando cientistas, políticos, estudo publicados e mesmo dados oficiais foram censurados durante a pandemia? O que disseram quando vieram a publico as prova da máquina de censura instigada por governos, media e redes socias?
Nada, estiveram calados. Ou, em algumas situações, tentaram interromper o debate apelidando esses factos como teorias da conspiração.
Mais, estavam empenhados em fazer o mesmo, ou pior, como censurar artigos já publicados ou a reproduzir notícias falsas. (Para quando um pedido de desculpa aos seus leitores?).
E o que dizer da sugestão de que a decisão se prendia com interesses de Musk em relação à Tesla? Agora já existem conflitos de interesse? Ou são só para alguns?
Para quem tem como colaborador regular um especialista com inúmeras relações financeiras com as farmacêuticas e que tem produzido consistentemente informações distorcidas, ou mesmo falsas, em benefício das mesmas, não deixa de ser surpreendente a súbita atenção para este tipo de problemas.
É que, a falta de rigor e de isenção do Publico já pouco espanta, mas podiam poupar-nos a estes espetáculos de hipocrisia e de perseguição a quem abriu a cortina e revelou a corrupção moral da suposta “luta contra a desinformação”.
Por isso, se querem criticar o Musk (e acho bem que o façam, desde que não mintam no processo), devem começar por olhar para dentro. Se se conseguirem libertar desses tiques totalitários, do seguidismo político (e ideológico) e forem minimamente independentes, terão toda a autoridade para o fazer.
Mas isso, se calhar, já é pedir muito.