O ex-adjunto de João Galamba revelou na comissão de inquérito um conjunto de acontecimentos polémicos, entre os quais o facto de o governo, a CEO da TAP e um deputado do PS terem combinado perguntas e respostas na comissão de inquérito. As assessoras do ministro vieram, entretanto, dar uma versão quase oposta dos acontecimentos.
Frederico Pinheiro confirma que o governo, o deputado do PS (presente na comissão) e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, combinaram as perguntas e as respostas numa reunião preparatória à audição parlamentar.
Tentativas de reter computador
Segundo Pinheiro, ao contrário da versão governamental, terá sido ele a vítima de quatro membros do gabinete de João Galamba, que lhe tentaram retirar o computador de trabalho à força.
Ao se ver fechado dentro das instalações do ministério, ligou à PSP. Só após a chegada de quatro agentes é que o ex-adjunto terá conseguido sair e regressar a casa.
Ameaças pelo SIS
Após o incidente, Frederico Pinheiro terá sido contacto pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS) com o objetivo de recuperarem o computador que levou para casa e que continha as notas da reunião preparatória. Segundo ele, o agente do SIS afirmou que estava a ser muito pressionado pelo governo e terá sido mesmo ameaçado, por três vezes, de que:
“É melhor resolvermos isto a bem, senão a situação complica-se.”
O ex-acessor acabou por aceder ao pedido e entregou-o ao SIS. Segundo ele, tencionava devolver o computador ao ministério assim que tivesse guardado a informação lá presente.
Conversas apagadas
Outro episódio relevante contado na comissão foi o facto de a chefe de gabinete de João Galamba ter pedido uma intervenção no seu telefone de serviço para supostamente aceder às mensagens trocadas entre o ex-adjunto e a antiga líder da TAP, que, entretanto, teriam sido automaticamente eliminadas do telemóvel desta última.
No entanto, essa intervenção levou a que todas as conversas no WhatsApp tenham sido apagadas do seu próprio telemóvel.
Narrativa falsa criada pelo governo
Deste modo, Frederico Pinheiro afirmou ter sido “alvo de uma campanha governamental que procurou montar uma narrativa falsa e mentirosa com a ajuda de vários assessores de diferentes gabinetes”.
Acusado de roubar um computador do Estado, nomeadamente, pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, diz mesmo que vai avançar judicialmente contra quem o difamou.
Desmentidos das assessoras
Entretanto, num comunicado enviado à Lusa, cinco elementos do gabinete de João Galamba acusaram esta quarta-feira o ex-adjunto de mentir à comissão de inquérito e ter agredido duas delas.
Já na comissão de inquérito, a chefe de gabinete de João Galamba negou ter tido a intenção de esconder notas sobre reuniões à comissão de inquérito à TAP.