Entre os anos de 2020 e 2023 morreram mais de 40.000 pessoas, em relação à média dos cinco anos anteriores. Em agosto de 2022, o Ministério da Saúde, prometeu analisar esses dados, que superam largamente as mortes associadas à covid, têm padrões distintos e se mantiveram após a vacinação em massa. No entanto, nem esse estudo foi apresentado nem obtivemos qualquer esclarecimento sobre quem o está a fazer e por que motivo ainda não foi divulgado.
Em agosto do ano passado, o Ministério da Saúde, então liderado por Marta Temido, prometeu “um estudo aprofundado” sobre “os excessos de mortalidade”.
No entanto, quase dez meses depois, questionámos o Ministério da Saúde sobre em que “estado está o estudo sobre as causas da mortalidade excessiva e sobre quem o está a realizar”, mas ainda não obtivemos qualquer resposta.
Excesso de mortalidade em Portugal
De facto, o excesso de mortalidade foi uma constante nestes três anos, mesmo considerando a ligeira tendência de subida dos anos anteriores (justificada pelo envelhecimento da população).
A observação da evolução da mortalidade geral permite identificar períodos com grande excesso de mortalidade, mesmo com poucos casos e baixa mortalidade associada à covid, como no verão de 2020.
Permite igualmente verificar que essa mortalidade se manteve em excesso, mesmo após a vacinação em massa e de a generalidade da população ter sido infetada.
Pouca atenção dada ao excesso de mortalidade
Desde 2020, que inúmeras pessoas, entidades e media independentes, como o The Blind Spot e o Página Um, chamaram a atenção para os valores elevados de mortalidade geral e para a natureza do seu padrão. No entanto, esse fenómeno nunca foi alvo de grande atenção pelo poder político.
Em 2020, questionámos a DGS sobre os padrões de mortalidade “não covid” e fomos informados de que a análise detalhada das causas de morte por doença era feita apenas no ano seguinte. Deste modo, as equipas responsáveis estavam a estudar os números de 2019, sendo que alguns dos recursos haviam sido deslocados para a covid.
Apenas após o Expresso ter apresentado os números de óbitos de 2022, replicando uma análise feita no Página Um, o ministério comprometeu-se a realizar um estudo aprofundado sobre o fenómeno.
Quase dez meses depois, ainda estamos à espera desse estudo e o governo, para já, não responde às nossas questões sobre o tema.
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