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Clube de Roma (I) – Os precursores dos “riscos existenciais” e das respostas de emergência

A primeira grande entidade a relacionar o desenvolvimento humano com as preocupações ambientais foi o Clube de Roma. Tem, na sua origem, Aurelio Peccei, presidente honorário da Fiat, e Alexander King, cientista escocês e também anterior diretor-geral para a educação e ciência na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

A ascensão do Ambiente e o Clube de Roma – “Os Limites do Crescimento”

Em 1968, ambos organizaram ume pequena reunião na Academia dei Lincei, no Palácio Corsini alla Lungara, em Roma, e reuniram cerca de 20 personalidades para discutir o futuro das condições para a vida humana no planeta, avaliando questões de natureza diversa – política, económica e social com impacto no meio ambiente. Esta é a origem do nome atribuído ao clube.

Em 1972, apenas quatro anos após a sua primeira reunião, este grupo de notáveis lançou o desafio a cientistas do Instituto de Tecnologia do Massachussets (MIT) para elaborar um relatório sobre a principal preocupação do grupo. A equipa foi liderada por Dennis e Donella Meadows que conceberam o famoso relatório “Os Limites do Crescimento” e que espalhou polémica pelo mundo. E, com base em simulações computacionais, que projetaram a futura interação homem-meio ambiente, concluem que o futuro seria catastrófico – caso o consumo de recursos naturais se mantivesse, fruto da industrialização e do crescimento populacional. Em menos de cem anos, os recursos ficariam esgotados.

O Relatório “Um por cento é suficiente”

Posteriormente, num outro relatório publicado em Berlim em 2016 por Jorgen Randers e Graeme Maxton, e intitulado “Um por cento é suficiente”, o “espírito de Roma” apresenta treze novas teses sobre o combate à desigualdade social, ao desemprego e à mudança climática, e foca em dois objetivos principais: a desigualdade mundial crescente e o desemprego.

Nas palavras de Maxton, também secretário-geral do Clube de Roma, e de Randers, “Com apenas um por cento do trabalho e do capital mundial de setores que prejudicam o meio ambiente transferido para setores favoráveis ao clima, poderíamos manter o aquecimento global abaixo dos 2 graus.”.

Algumas das propostas sugeridas eram a diminuição da natalidade, o aumento do período de férias e o aumento do limite de idade para a reforma, para os setenta anos. E acrescentavam que era necessário implementar uma taxa sobre o consumo de recursos da Terra, assim como se deveria promover a natalidade do filho único nos Estados mais ricos, dando estes países o exemplo relativamente à necessidade de diminuir a população mundial.

Em conclusão, desde a primeira reunião, que a proteção ambiental tem sido uma das principais preocupações enfoques do Clube de Roma. Por isso, deveria haver uma iniciativa política no sentido de aumentar a tributação dos combustíveis fósseis. Mas estes dois autores vão mais longe nas propostas, desafiando os líderes mundiais a distribuírem as receitas fiscais decorrentes daquele tipo de tributação pelas populações – nomeadamente, aqueles cidadãos que tivessem empregos protetores do meio ambiente deveriam ser recompensados, assim como outros cidadãos envolvidos no cuidado assistencial a pessoas em suas casas.

Quando o Nobel da Física afirma que não há emergência climática

Contudo, as teses do Clube de Roma têm vindo a gerar maior controvérsia. Em oposição às conclusões do Clube de Roma, têm surgido ao longo das últimas décadas vários cientistas e outras organizações a denunciar o enviesamento daquelas análises. Recentemente John Clauser, o Prémio Nobel da Física, afirmou não haver emergência climática, responsabilizando o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) por divulgar desinformação.

Posição esta que veio reforçar um grupo de 1.500 cientistas, organizados na CLINTEL, que explicam as razões pelas quais, segundo eles, não há emergência climática. Entre outras críticas salientam que, a mera observação direta da natureza tem demonstrado a imprecisão das projeções sobre as alterações climáticas que, ou não se efetivaram, ou estão sujeitas a condicionantes que não resultam da intervenção humana. Por exemplo, a observação recente de um viveiro romano na cidade de Alicante revela que, nos últimos 2000 anos, o mar não subiu um único milímetro.

Referências

Homepage – Club of Rome

The Club of Rome and sustainable development – The Donella Meadows Project

https://www.weforum.org/agenda/2020/01/its-time-to-emerge-from-our-planetary-emergency/

https://fortune.com/2023/01/16/wef-2023-davos-climate-taxes/

Medina diz que rendimento das famílias é “um dos pilares fundamentais” do OE2024 – SIC Notícias (sicnoticias.pt)

La hermosa piscina natural ubicada en el mar sobre unos yacimientos de más de 5.000 años – Infobae

Climate Intelligence (CLINTEL) climate change and climate policy

OE2024 está entregue e apresentado: eis as novidades – SIC Notícias (sicnoticias.pt)

Ver também

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Mónica Rodrigues

Especialista em Geopolítica e Geoestratégia. Licenciada em História (FCSH-UN) e com um DEA em Geopolitique (Universidade de Paris). Curso Segurança Internacional (NATO/UKiel, Alemanha). Auditora do Curso de Defesa Nacional (IDN/2002). Diretora da Revista Cidadania e Defesa (AACDN). Membro da SEDES (SEDES-Setúbal). Foi professora assistente de Geopolitica/Geoestrategia e Segurança e Defesa Nacional (ULusíada).

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