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Sidney, a revolução da cidade dos 30 minutos

A Austrália também aderiu ao modelo da cidade dos 30 minutos, com o seu projeto “Estratégia de Três Cidades”. Estima-se que os primeiros edifícios de Bradfield City, perto de Sidney, poderão ser utilizados já em 2026, por ocasião da abertura do novo aeroporto. Sustentabilidade é o valor chave deste projeto, apesar de também existirem algumas vozes discordantes.

Um novo complexo urbano: A Estratégia de Três Cidades

Bradfield City é a nova cidade perto da Zona Ocidental de Sidney que está a ser construída seguindo a filosofia da cidade dos 30 minutos, período dentro do qual o habitante terá acesso a toda a funcionalidade do Central Bank District (CBD). Na impossibilidade de se construir em extensão, o governo australiano optou pela estratégia de se construir novas cidades perto de Sidney, com elevada concentração vertical.

Este projeto insere-se numa política de desenvolvimento territorial designada como “Estratégia de Três Cidades” e a desenvolver até 2050. Bradfield e Parramata são as duas cidades em construção, próximas de Sidney (são as três cidades consideradas) e, dada a rapidez da construção, espera-se que os primeiros edifícios de Bradfield estejam disponíveis já em 2026, por ocasião da inauguração do novo aeroporto e do novo metro.

Paul Scully, o Ministro do Planeamento, afirmou “Vai haver construção durante muito tempo – toda a aerotrópole tem mais de 11.000 hectares. Vai demorar algum tempo a crescer.”.

Uma cidade do Bem

De acordo com as autoridades responsáveis, o grande objetivo deste tipo de planeamento urbano reside na conceção de uma cidade com ruas pedonais (sem carros) e apoiada numa rede de transportes públicos, de forma a permitir a descentralização de todas as atividades humanas – considerando o trabalho, ao acesso a serviços (públicos e privados), compras e atividades lúdicas. E a pensar no lazer, estão já projetados parques de grande dimensão assim como espaços de entretenimento orientados para a comunidade. Outra grande vantagem do projeto é referida pelo impacto positivo que terá ao suprimir a pressão criada pelo trânsito urbano.

O projeto foi partilhado com o cidadão australiano num website, anunciando-se que “A cidade de Bradfield será uma organizada com facilidades comerciais e comunitárias que incluem comércio de retalho, equipamentos culturais e espaços verdes abertos.”.

Uma história desde 2026: repensar o trabalho e a rede de transportes

Na Austrália, este planeamento urbanístico de iniciativa governamental tem envolvido várias entidades e desde há vários anos.

A partir da cidade de Sidney, e no âmbito da pesquisa sobre o futuro do trabalho, o Centro de Pesquisa sobre o Futuro da Cidade elaborou um mapa que procurava identificar novos “clusters de trabalho” na Área Metropolitana desta cidade australiana, considerando o tempo de acesso e de acordo com o modo de transporte utilizado (a pé, de bicicleta, público ou privado). Foram identificados 15 “clusters” e procurou-se depois compreender o impacto da rede de transportes públicos relativamente aos clusters de interesse, de forma a perceber o impacto positivo ou negativo no acesso aqueles núcleos de trabalho.

Mas também o setor dos Transportes tem sido objeto de reflexão por parte das autoridades. No que diz respeito à rede de Metro, o trabalho realizado sobre os Centros Estratégicos do Metro da cidade de Sidney, permitiu a identificação de uma rede com 34 centros estratégicos com empregos, bens e serviços. Quer isto dizer que cada habitante, em cada cidade projetada, poderá aceder ao centro de trabalho em 30 minutos, apoiado por uma rede de transportes públicos, bicicleta ou em deslocação a pé.

Comodidade ou controlo?

O projeto, contudo, está longe de obter largo consenso. Vozes dissonantes vêm neste conceito urbano “(…) uma tentativa para encurralar os cidadãos numa existência ainda mais restrita.”, baseando-se noutras experiências – como a de Oxford, no Reino Unido, para justificar tais apreensões. A considerar também que o esforço governamental para envolver o cidadão neste projeto tem-se limitado à apresentação de websites informativos, não havendo um debate mais alargado em período eleitoral.

Ficam por esclarecer, pelo menos no momento presente, qual a importância da identidade Digital numa cidade que se pretende Smart e digital, e como será realizado o controlo da mobilidade, questões estas que têm sido colocadas por cidadãos noutros projetos de cidades de 15 minutos em curso, espalhados pelo mundo.

Referências

Towards the 30-minute city — how Australians’ commutes compare with cities overseas (theconversation.com)

C40 Cities – A global network of mayors taking urgent climate action

Thirty Minute City and Metro Strategic Centre Catchments – Dataset – TfNSW Open Data Hub and Developer Portal

Sydney Councils Team for ‘30-Minute City’ Masterplan – Sydney Build 2024 (sydneybuildexpo.com)

Ver também

Lisboa, cidade dos 15 minutos – grande maravilha do mundo – The Blind Spot

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